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Vila isolada no topo da montanha acessível por 2.556 degraus

Imagine ter que enfrentar uma escada vertical de 800 metros todos os dias só para comprar comida, ir à escola ou buscar assistência médica. Essa é a realidade dos moradores de Atule’er, uma vila isolada nas montanhas da província de Sichuan, na China. A escada, conhecida como “escada celestial”, conta com 2.556 degraus de metal e foi pensada como uma alternativa a um acesso que antes era feito com cipó, bambu e madeira, colocando a vida de todos em risco a cada passo.

Uma vila suspensa no tempo (e no espaço)

Atule’er abriga apenas 72 famílias da etnia Yi, que historicamente viveram em regiões montanhosas de difícil acesso. Situada no topo de um desfiladeiro de 800 metros, a vila é cercada por formações rochosas e florestas densas, sem estradas ou teleféricos que conectem os moradores ao mundo lá fora. O único jeito de tocar a vida fora dali é por essa escada estilizada que ainda desafia os limites da resistência humana.

Até 2016, o cenário era ainda mais impressionante. Os moradores usavam uma rede de escadas improvisadas, feitas à mão com materiais coletados da floresta. Crianças e idosos enfrentavam esse labirinto arriscado diariamente, o que tornava os acidentes, até mesmo os fatais, uma tragédia comum.

O fotógrafo que mudou tudo

A mudança começou quando o fotógrafo Chen Jie, de um jornal chinês, visitou Atule’er e capturou imagens impactantes de crianças subindo a escada, com mochilas nas costas e expressões de esforço. As fotos chocaram o país e rapidamente viralizaram, atraindo a atenção das autoridades e gerando uma onda de mobilização nas redes sociais. Logo, muitos pediram melhorias imediatas na infraestrutura da vila.

Escada de aço: o símbolo de uma transformação tardia na vila de Atule’er

Em resposta à pressão popular, o governo local decidiu construir uma escada metálica com corrimãos, substituindo a antiga estrutura. Com 2.556 degraus montados manualmente, essa nova escada melhorou a segurança, mas não tornou o desafiante trajeto muito mais fácil. O percurso continua a levar entre 60 e 90 minutos para ser concluído, dependendo do que os moradores transportam, como alimentos e materiais de construção, em cada subida.

Escada vertical como atração turística

A nova escada atraiu a atenção de muitos aventureiros, transformando Atule’er em um destino curioso. Turistas de várias partes começaram a escalar, buscado adrenalina e fotos espetaculares. No entanto, para os moradores, a escada continua sendo uma necessidade diária. Eles dependem dela não só para a vida cotidiana, mas também para a educação dos filhos, já que não há escola permanentemente na vila.

Além disso, Atule’er não possui hospital ou mercado fixo; tudo chega a pé pelo mesmo caminho. Essa situação se deve à topografia extrema da região, que tornaria a construção de uma estrada uma tarefa cara e complexa. A ideia de um teleférico foi discutida, mas também foi descartada. Assim, o vilarejo permanece suspenso, isolado entre o céu e a terra.

A vista do topo: beleza e dureza misturadas

Chegar ao topo da escada é uma recompensa. A vista é de tirar o fôlego: montanhas verdes, vales entrecortados por rios e nuvens, especialmente em dias de neblina. A vida na vila é marcada por casas de madeira e uma rotina tranquila, mas os desafios são enfrentados dia após dia.

A economia gira em torno da agricultura de subsistência, pequenos rebanhos e um pouco de artesanato. O transporte de tudo isso ainda depende do esforço humano. Apesar das melhorias, ainda não há sinais de mudanças drásticas na vida dos moradores, que continuam a enfrentar um cotidiano exigente e intenso.

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