Rússia evita desastre nuclear após terremoto em base de submarinos

Um terremoto de magnitude 8,8 abalou a Península de Kamchatka, localizada no extremo leste da Rússia, nesta semana. Apesar da magnitude do tremor, felizmente não houve registro de vítimas. O epicentro do terremoto ocorreu a menos de 100 km das principais bases navais que sustentam a dissuasão nuclear russa, onde operam submarinos capazes de lançar mísseis balísticos intercontinentais.
Essa situação chamou a atenção dos especialistas, que levantam preocupações sobre a estratégia militar da Rússia ao concentrar seus equipamentos mais sensíveis em uma área com potencial geológico instável. O governo de Moscou informou que não houve danos significativos às instalações, mas o cenário está sendo monitorado de perto pela comunidade internacional.
Submarinos Borei e Yasen operam na região mais sensível da Rússia
Na Baía de Avacha, em Kamchatka, está localizada a base de Rybachy, um ponto vital para a frota de submarinos nucleares estratégicos da Rússia no Pacífico. Nela, atuam submarinos da classe Borei e Borei-A, que são parte essencial da tríade nuclear russa. Esses submarinos são equipados com mísseis balísticos que transportam ogivas nucleares. Eles estão lá para garantir uma resposta eficaz em caso de qualquer conflito global.
Além dos Borei, a região também abriga submarinos de ataque da classe Yasen-M. Esses submarinos são considerados uma das maiores ameaças submersas atualmente. Além disso, há uma presença de submersíveis Oscar II e embarcações com missões secretas, como o K-329 Belgorod, que é projetado para utilizar os torpedos nucleares Poseidon.
Risco natural expõe vulnerabilidade estrutural
Embora as estruturas em Kamchatka sejam robustas e projetadas para suportar ataques militares, elas não foram feitas para resistir a terremotos de grande magnitude. Relatórios indicam que alterações abruptas no nível do mar podem resultar em sérios problemas, como rompimentos de amarras e alagamentos em áreas em manutenção.
A geografia da baía pode ter atenuado o impacto de um possível tsunami, mas a alta concentração de poder militar em uma região propensa a desastres geológicos gera dúvidas a respeito da estratégia de Moscou. Para os analistas, essa situação demonstra que a natureza pode ser tão imprevisível quanto qualquer rival no campo geopolítico.
Belgorod, Poseidon e a ameaça invisível
Outro ponto de tensão é a possível presença do submarino Belgorod na área, que é o maior do mundo e voltado para operações secretas, além de transportar os temidos torpedos Poseidon. Esses torpedos possuem um potencial devastador, podendo gerar tsunamis radioativos.
Se o Belgorod estivesse atracado durante o terremoto, qualquer dano poderia representar um risco global incontrolável. Moscou não confirmou a posição do submarino no momento do tremor, aumentando as especulações internacionalmente.
A fragilidade da dissuasão em tempos geológicos
O terremoto em Kamchatka coloca em evidência um dilema estratégico: quão seguro é concentrar a capacidade de retaliação nuclear em regiões remotas, mas geologicamente instáveis? O episódio reacende o debate sobre a segurança dos arsenais nucleares frente a desastres naturais, que estão fora do controle militar.
A comunidade internacional, especialmente as potências nucleares, permanece atenta a possíveis danos ou alterações no funcionamento da frota russa no Pacífico. Afinal, a estabilidade global não depende apenas de decisões humanas, mas também do poder imprevisível da natureza.