Produzir moeda de R$ 0,05 custa mais que seu valor nominal

A moeda de R$ 0,05 é um caso interessante na economia brasileira: produzi-la custa mais do que seu valor real, mas o Banco Central ainda mantém sua produção. O que justifica isso é a função prática que essa moeda desempenha no nosso dia a dia. Sem ela, enfrentaríamos dificuldades para dar troco, o que poderia elevar os preços e impactar negativamente o poder de compra, principalmente de quem tem uma renda mais baixa.
Uma reportagem de 2019 revelou que o custo de produção de uma moeda de R$ 0,05 é de aproximadamente R$ 0,30. Esse custo alto resulta da mistura entre o preço dos metais utilizados e os gastos com a logística de produção e distribuição. Mesmo assim, o governo considera essa moeda vital para a estabilidade monetária.
Por que a moeda de R$ 0,05 custa mais do que vale
O metal que compõe a moeda de R$ 0,05, que é uma liga de aço com revestimento de cobre, varia de preço conforme o mercado internacional, o que acaba encarecendo a produção. Quando o preço do cobre sobe, automaticamente o custo da moeda também aumenta.
Além disso, o processo de fabricação, empacotamento e transporte gera gastos logísticos consideráveis. Como o Brasil é um país grande, garantir que as moedas circulem de forma equilibrada em todas as regiões gera um custo fixo elevado, especialmente para as moedas de menor valor.
Outro ponto a se considerar é que moedas pequenas desaparecem facilmente; muitas vezes, ficam guardadas em gavetas ou se desgastam com o uso constante. Por isso, a Casa da Moeda precisa produzir constantemente novas moedas, sem a possibilidade de redução de custos pela produção em larga escala.
Por que o Banco Central continua fabricando
Mesmo que a produção das moedas de R$ 0,05 gere prejuízo, o Banco Central não pode simplesmente parar de fabricá-las. Existem diversas razões econômicas e sociais para essa decisão.
A primeira delas é evitar a inflação de arredondamento, que acontece quando não há moedas pequenas disponíveis para os trocos. Isso faz com que os preços sejam ajustados para cima, impactando diretamente o poder de compra, especialmente de quem tem menos renda.
Outro aspecto importante é assegurar o funcionamento do sistema de pagamentos em dinheiro. Apesar da popularidade crescente de métodos digitais, milhões de brasileiros ainda dependem do dinheiro em espécie. Em estabelecimentos como feiras e padarias, a moeda de R$ 0,05 é essencial para garantir que os trocos sejam precisos.
Por fim, os custos gerados pela produção de moedas de menor valor são compensados por outras emissões. A fabricação de moedas e cédulas de maior valor tem um custo de produção bem menor, alcançando uma rentabilidade que ajuda a equilibrar as perdas das moedas pequenas.
O que mudaria se a moeda deixasse de existir
Se a moeda de R$ 0,05 fosse retirada de circulação, o impacto seria sentido no dia a dia do consumidor. Os preços tenderiam a ser arredondados para R$ 0,10, o que geraria aumentos frequentes. Esse pequeno acréscimo, replicado em várias compras, poderia resultar em perdas financeiras ao longo do tempo.
No comércio, a falta de moedas tornaria difícil dar troco, o que poderia atrasar as transações. Isso aumentaria o uso de vales, balas ou ajustes informais, distorcendo o valor das operações e afetando a clareza nas relações de consumo.
O efeito seria ainda mais intenso nas regiões onde o uso do dinheiro vivo é predominante. Para os que não têm acesso constante a métodos digitais, as moedas pequenas continuam sendo essenciais para manter o poder de compra.
O equilíbrio entre custo e função social
A decisão de manter a moeda de R$ 0,05 é uma busca por equilíbrio entre os custos fiscais e a função social que esse item desempenha. O Banco Central acredita que, enquanto o benefício coletivo for maior que os custos de produção, a emissão dessas moedas será mantida para assegurar a integridade do sistema monetário.
Além disso, descontinuar uma denominação com urgência exigiria uma adaptação que levaria anos. Seria necessário fazer ajustes em sistemas de caixa, preços impressos e regras de arredondamento, algo que poderia se tornar caro e complexo.
Portanto, a moeda de R$ 0,05 desempenha um papel que vai além de seu valor nominal: ela ajuda a garantir a precisão das transações e a confiança da população no dinheiro brasileiro, mesmo em tempos de custos crescentes.