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Petrobras vende mais de 100 ativos e foca no pré-sal

A trajetória da Petrobras na última década é um verdadeiro exemplo de superação no mundo corporativo. Entre 2015 e 2022, a empresa passou por uma transformação impressionante, deixando para trás uma crise severa e emergindo como uma das mais lucrativas do planeta, com foco total na exploração do pré-sal.

Em 2015, a Petrobras estava no fundo do poço, lidando com dívidas enormes e o escândalo de corrupção da Lava Jato. A solução encontrada foi um programa drástico de desinvestimentos, que envolveu a venda de mais de 100 ativos, permitindo à empresa arrecadar bilhões de dólares. Essa manobra foi fundamental para a recuperação da estatal, que então direcionou seus esforços para se especializar na exploração de petróleo do pré-sal, uma área extremamente rentável.

A Crise de 2015 e a Origem do Programa de Desinvestimentos

No ano de 2014, a Petrobras enfrentou uma confluência de problemas. O escândalo da Lava Jato expôs um esquema de corrupção que obrigou a companhia a reavaliar seus ativos, culminando em uma baixa contábil de US$ 2,5 bilhões. A situação se agravou com a queda nos preços do petróleo e políticas de preços de combustíveis que resultaram em prejuízos colossal. Em 2015, a empresa registrou um prejuízo histórico de R$ 34,8 bilhões e a dívida alcançou US$ 126 bilhões. Para virar a maré, a estatal lançou um ousado programa de desinvestimentos, focando em reduzir a dívida e rentabilizar seus projetos mais lucrativos.

Os Ativos Vendidos e os Bilhões Arrecadados

A imensidão do programa de vendas impressionou a todos. Entre 2015 e 2022, a Petrobras se desf fez de diversos ativos, desde campos de petróleo maduros até refinarias e gasodutos. Três transações, em particular, foram cruciais:

  • BR Distribuidora: A privatização começada em etapas culminou na venda total da participação da Petrobras em 2021, rendendo US$ 2,3 bilhões.

  • Gasodutos (NTS e TAG): Essas malhas de gasodutos, essenciais para o Sudeste e o Nordeste, foram vendidas para consórcios internacionais, totalizando mais de US$ 13 bilhões.

  • Refinaria Landulpho Alves (RLAM): Localizada na Bahia e responsável por 14% da capacidade de refino nacional, esta refinaria foi vendida em 2021 ao fundo Mubadala Capital por US$ 1,8 bilhão.

O Foco Absoluto no Pré-Sal: A Nova Estratégia da Petrobras

Com a venda de ativos, o foco da Petrobras se tornou claro: maximizar a exploração do pré-sal. Esse movimento partiu de uma constatação econômica: os reservatórios do pré-sal são extremamente produtivos. Hoje, eles representam 80% da produção da empresa, com custos para extrair barris de petróleo caindo para menos de US$ 3, colocando a Petrobras entre as mais eficientes do mundo.

Lucros Recordes e Dividendos Massivos

Essa nova estratégia trouxe resultados financeiros impressionantes. A dívida bruta da empresa caiu de US$ 126 bilhões em 2015 para US$ 62,6 bilhões no final de 2023. Em 2022, a Petrobras alcançou um lucro recorde de US$ 36,6 bilhões e se tornou a segunda maior pagadora de dividendos do mundo, distribuindo R$ 215,7 bilhões aos acionistas, incluindo o Governo Federal. Essa virada fez da estatal uma verdadeira “máquina de dinheiro”.

A Pressão para Voltar a Investir e o Risco Político

Porém, em 2025, a Petrobras se vê diante de um novo desafio. Com a mudança de governo, novas diretrizes estratégicas emergem, exigindo que a empresa retome o papel de indutora do desenvolvimento nacional. A crítica à política de focar exclusivamente em lucros e dividendos começa a ganhar força.

As recentes negociações para reverter a venda parcial da Refinaria de Mataripe e os planos de expansão em outras refinarias mostram que a empresa pode estar mudando de direção. Essa nova abordagem traz incerteza ao mercado, pois gera temor de que os investimentos em áreas de menor retorno desviem recursos dos projetos altamente lucrativos do pré-sal, introduzindo um risco adicional à avaliação da Petrobras.

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