Notícias

Mil búfalos mortos em fazenda de São Paulo; dono pode ser multado

Mais de mil búfalos foram encontrados mortos ou em estado crítico em uma fazenda localizada no interior de São Paulo, um caso que chocou o Brasil e trouxe à tona uma discussão urgente sobre a crueldade animal e as responsabilidades dos criadores. Avaliado em R$ 3,5 milhões, o incidente pode resultar em até 500 anos de prisão para o responsável.

Em novembro de 2021, a Fazenda São Luiz da Água Sumida, em Brotas, foi palco de uma cena de desespero. Mais de mil búfalos estavam abandonados, sem comida e água, lutando para sobreviver. A situação alarmou as autoridades quando uma denúncia anônima levou a polícia até o local.

A descoberta que comoveu o país

Chegando à fazenda, os policiais encontraram um cenário desolador. Cerca de 1.056 búfalos e 72 equídeos estavam em péssimas condições. Muitos já haviam morrido de fome, enquanto outros foram resgatados em estado crítico, recebendo cuidados de voluntários e organizações de proteção animal. Veterinários descreveram a cena como um “cemitério a céu aberto”, com fêmeas grávidas mortas e valas onde os animais eram enterrados de maneira inadequada.

O responsável e a transformação da fazenda

O dono da fazenda, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, tinha reputação na região por sua criação de búfalos e pela produção de laticínios. Contudo, investigações revelaram que ele havia iniciado um cultivo de soja nas pastagens, deixando os búfalos sem comida e água. Ele foi negligente ao não atender a avisos de maus-tratos. O Ministério Público o denunciou por crimes contra a fauna e maus-tratos, baseando-se na Lei de Crimes Ambientais.

O peso da lei e a dimensão da pena

As implicações legais são impressionantes. Cada animal afetado conta como uma ocorrência isolada, o que significa que o fazendeiro pode enfrentar mais de mil acusações. Se todas as denúncias forem aceitas, ele pode pegar uma pena total de mais de 500 anos de prisão, além de multas que podem ultrapassar R$ 3,5 milhões. Há também investigações sobre a possibilidade de que alguns búfalos tenham sido enterrados vivos, o que aumenta o cerco legal.

Repercussão nacional e mobilização social

Assim que as imagens começaram a circular, a indignação tomou conta das redes sociais. ONGs como Ampara Silvestre e Santuário Vale da Rainha organizaram esforços de resgate. Em poucos dias, dezenas de caminhões foram encaminhados para retirar os sobreviventes e levá-los para abrigos. Celebridades e políticos também se engajaram na causa, pedindo mudanças nas penas para crimes ocorridos em áreas rurais.

O impacto ambiental e o custo do descaso

O caso não é apenas um aviso sobre a crueldade animal, mas também um alerta ambiental. As carcaças contaminavam o solo e os lençóis freáticos, ameaçando nascentes próximas. O município de Brotas, famoso por sua beleza natural e turismo, viu sua imagem manchada e enfrentou custos que ultrapassaram R$ 1 milhão para o resgate e tratamento dos animais sobreviventes, financiados com doações.

Justiça lenta e desafios de fiscalização

Embora o caso seja grave, o processo judicial ainda está em andamento, cercado por recursos e contestações. Especialistas criticam a lentidão na responsabilização desses grandes proprietários. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente afirma que as investigações continuam e novas inspeções estão sendo feitas para evitar que tragédias semelhantes ocorram novamente.

Lições e alertas para o futuro

O caso dos búfalos em Brotas revela uma questão crítica que o Brasil ainda precisa enfrentar: a falta de políticas efetivas de bem-estar animal no campo. Apesar dos avanços, a fiscalização é insuficiente. Organizações pedem a criação de um fundo nacional para resgatar animais vítimas de maus-tratos e a necessidade de um controle mais rigoroso nas fazendas.

A tragédia de Brotas é um lembrete de que o lucro não pode justificar o sofrimento de seres vivos. É hora de essa questão deixar de ser apenas um assunto passageiro e se tornar uma prioridade nas políticas públicas do nosso país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo