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M65 Atomic Annie: o canhão nuclear que ameaçou Moscou

O M65 Atomic Annie é um dos canhões mais impressionantes da história militar. Pesando 84 toneladas, esse colosso foi projetado durante a Guerra Fria, uma época marcada por tensões globais e a corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética. Em 1949, os soviéticos testaram sua primeira bomba atômica, quebrando o monopólio nuclear americano. Com isso, os EUA buscavam formas criativas de manter sua superioridade. E foi assim que nasceu o M65, um canhão de artilharia de 280 mm destinado a disparar ogivas nucleares táticas.

Esse canhão não era só mais uma ferramenta militar. Ele representava uma fusão aterrorizante entre engenharia tradicional e poder destrutivo nuclear, um marco emblemático daquela época de incertezas.

O titã de 84 toneladas que viajava por trilhos e estradas

A mobilidade do M65 era impressionante. Ele podia ser transportado por longas colunas de tratores em estradas ou adaptado para trilhos de trem, lembrando os enormes canhões ferroviários da Segunda Guerra Mundial. Quando montado, o canhão media mais de 25 metros e sua presença era intimidadora. Não era apenas o tamanho; tinha a capacidade de desencadear uma explosão atômica no campo de batalha.

O primeiro disparo nuclear de uma peça de artilharia

No dia 25 de maio de 1953, o M65 fez história no deserto de Nevada durante a operação Upshot–Knothole. No teste denominado Grable, ele disparou um projétil nuclear W9 com uma potência de 15 quilotons, equivalente à bomba que destruiu Hiroshima em 1945. A ogiva percorreu cerca de 10 km em menos de 30 segundos, detonando a 160 metros do solo e gerando uma nuvem em forma de cogumelo que se tornou um símbolo da era nuclear. Foi a primeira e única vez que um canhão disparou uma bomba atômica em testes reais.

Alcance e poder destrutivo

Com um alcance máximo de cerca de 32 km, o M65 podia atingir alvos profundos na linha de frente. Esse alcance, combinado com uma ogiva nuclear, significava que cidades inteiras poderiam ser obliteradas em um único disparo. Para os militares da época, ele era a resposta ideal: portátil, armamento nuclear capaz de acompanhar tropas em operações.

Um pesadelo para Moscou

Para os soviéticos, a existência do M65 foi um choque. Até então, eles conheciam o destrutivo poder das bombas lançadas por aviões, mas agora tinham que considerar a ameaça de canhões nucleares em cenários de guerra convencional. A perspectiva de canhões cruzando fronteiras terrestres aumentava o risco de conflitos. Como resposta, Moscou acelerou seus próprios programas nucleares, intensificando a corrida armamentista.

Limitações e obsolescência rápida

Apesar de suas impressionantes capacidades, o M65 tinha várias limitações:

  • Tamanho e peso excessivos: Precisava de uma infraestrutura complexa para transporte.
  • Baixa cadência de tiro: Preparar e disparar uma ogiva nuclear demandava tempo.
  • A evolução dos mísseis: A partir do fim da década de 1950, mísseis balísticos e táticos começaram a oferecer maior alcance e mobilidade.

Com isso, em menos de uma década, o M65 foi perdendo seu valor prático e, nos anos 60, já era considerado obsoleto frente a foguetes nucleares mais eficazes.

Quantos foram produzidos e qual o destino final

Cerca de 20 unidades do M65 Atomic Annie foram construídas. Elas participaram de desfiles militares e demonstrações de força, mas serviram mais como símbolos políticos do que armas efetivas. Com a ascensão dos mísseis de médio alcance, os canhões foram sendo retirados de serviço. Hoje, alguns estão em exibição em museus militares nos EUA, como os de Aberdeen e Fort Sill, preservando a história desse gigantesco canhão da Guerra Fria.

O legado do M65 Atomic Annie

Embora nunca tenha sido usado em combate, o M65 marcou uma transição importante na história militar, do uso de artilharia convencional para armas nucleares táticas. Ele mostrou como, em tempos de medo, a criatividade militar poderia gerar máquinas com poder destrutivo sem precedentes. O Atomic Annie é lembrado como a arma que trouxe a era nuclear ao campo de batalha, um símbolo de um período em que a humanidade viveu à sombra da aniquilação nuclear.

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