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Irmãos podem ser obrigados a pagar pensão alimentícia em casos específicos

Quando o assunto é pensão alimentícia, a gente logo pensa nos pais que sustentam os filhos pequenos. Mas a legislação brasileira traz algumas surpresas. Acredite: irmãos também podem ser chamados pela Justiça para ajudar uns aos outros, especialmente quando um deles está passando por dificuldades.

Esse tema pode parecer novo para muitos, mas já foi discutido em diversos tribunais pelo Brasil. A base para isso está no Código Civil, que enfatiza a solidariedade entre familiares.

O que diz a lei

De acordo com o artigo 1.694 do Código Civil, parentes podem solicitar alimentos uns aos outros, se comprovarem que precisam. E o artigo 1.696 é ainda mais explícito: a responsabilidade de fornecer pensão é recíproca entre pais e filhos e se estende a todos os ascendentes, descendentes e irmãos.

Isso significa que, diante da ausência ou incapacidade dos pais, os irmãos podem assumir a responsabilidade de ajudar no sustento um do outro. Vale destacar que essa regra não se aplica somente a menores. Irmãos maiores de idade também podem recorrer à Justiça caso não consigam se manter sozinhos.

Decisões dos tribunais

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) já decidiu que essa obrigação é válida. Em um caso específico, irmãos mais velhos foram condenados a pagar pensão para um irmão que estava em vulnerabilidade, após o falecimento dos pais e não haver outros familiares.

Esse entendimento do tribunal mostra a importância da solidariedade familiar, e decisões semelhantes têm sido tomadas em outros estados, como São Paulo e Minas Gerais. Essa não é uma questão isolada, mas uma tendência que vem ganhando força na jurisprudência.

Solidariedade familiar: um princípio constitucional

A ideia de que irmãos devem se ajudar vai além das leis civis. A própria Constituição Federal, no artigo 229, afirma que “os filhos maiores devem ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. Essa noção de solidariedade também abrange os irmãos, criando um dever de assistência quando há necessidade.

A Justiça tem cada vez mais utilizado esse princípio para garantir que ninguém fique desamparado dentro da família, mesmo quando os pais não podem mais agir como provedores.

Quando a pensão entre irmãos é devida

As situações em que a pensão entre irmãos se torna obrigatória costumam ser específicas:

  • Morte dos pais: Quando não há mais ascendentes vivos, a responsabilidade passa para os irmãos.
  • Incapacidade financeira dos pais: Se os responsáveis não possuem condições de sustentar os filhos, os irmãos podem ser convocados.
  • Situação de vulnerabilidade: O irmão que solicita a pensão deve provar que não consegue se sustentar por conta própria, seja por doença, desemprego ou idade avançada.

É importante lembrar que a pensão não é automática. Ela precisa ser solicitada judicialmente, e o juiz analisa a situação de quem pede e a capacidade de quem deve pagar.

Divisão proporcional da obrigação

Outro detalhe interessante é que a responsabilidade não recai em apenas um irmão. Todos podem ser chamados a contribuir, proporcionalmente às suas condições financeiras.

Se um irmão tem uma renda maior, ele pode ser responsável por uma parte maior do valor. Por outro lado, um irmão com renda mais baixa pode ter uma obrigação reduzida, ou até mesmo ser dispensado de ajudar, se não tiver condições.

Esse modelo garante uma divisão mais justa das obrigações.

O impacto social da medida

Embora possa gerar debates, a possibilidade de pensão entre irmãos traz um impacto social significativo. Ela serve como uma rede de proteção familiar, o que é essencial, especialmente em um país onde milhões enfrentam vulnerabilidade e onde o Estado nem sempre consegue oferecer suporte.

Para quem recebe, a ajuda pode ser crucial para a sobrevivência. Para quem paga, é uma responsabilidade legal e ética, fundamentada na solidariedade familiar.

Polêmicas e críticas

Por outro lado, nem todo mundo é a favor dessa interpretação. Alguns críticos acreditam que essa obrigação pode gerar conflitos familiares, levando irmãos a disputas judiciais. Outros dizem que o Estado deveria priorizar o suporte, e não a família.

Apesar das críticas, a jurisprudência brasileira continua a reconhecer essa responsabilidade, para que pessoas em situação difícil não fiquem sem amparo.

Exemplos práticos

Aqui estão alguns casos que ajudam a entender a questão:

  • Um jovem de 17 anos perde os pais em um acidente. Sem outros familiares vivos, ele pede pensão a seus dois irmãos mais velhos que já trabalham. A Justiça pode decidir que cada um contribua de acordo com a sua renda.

  • Uma mulher com deficiência grave fica sem apoio após a morte dos pais. Ela entra com um pedido contra as irmãs e consegue uma pensão para cobrir tratamento e moradia.

  • Um irmão em situação de rua solicita ajuda ao Judiciário e demonstra que não consegue se sustentar, obrigando os irmãos a ajudarem financeiramente.

Pensão entre irmãos: uma obrigação pouco conhecida, mas real

A possibilidade de irmãos pagarem pensão uns aos outros ilustra como o direito brasileiro valoriza a solidariedade familiar. Embora seja uma medida ainda pouco discutida, já é uma realidade em diversos tribunais e pode realmente fazer a diferença na vida de quem precisa.

Mais do que uma simples obrigação judicial, é um lembrete de que a família pode ser a primeira linha de apoio em momentos difíceis.

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