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Ilha rara com cavalos selvagens e sapatos desinfetados

Isolada no meio do Atlântico Norte, a Ilha Sable parece ter seu próprio ritmo. Localizada a 175 quilômetros da costa da Nova Escócia, no Canadá, essa ilha impressiona por sua beleza e fragilidade. Para chegar lá, é preciso desinfetar os sapatos, uma medida bem rigorosa para garantir a preservação do local.

A proteção não é à toa, já que a Ilha Sable abriga um dos ecossistemas mais raros do planeta. Ali, você não encontra mosquitos, cobras ou carrapatos. Em compensação, os cavalos selvagens vivem soltos pelas dunas, e a única árvore que conseguiu brotar na areia é uma verdadeira sobrevivente.

O que saber sobre a Ilha Sable

Com 45 quilômetros de comprimento e cerca de 1,5 quilômetro na parte mais larga, a Ilha Sable, ou “île de Sable” em francês, é considerada um parque nacional desde 2013. A população local é bem reduzida, com menos de 10 habitantes.

O cenário se destaca pelas dunas e lagos de água doce, sendo que a elevação mais alta é a “Bald Dune”, que tem uns 30 metros. Porém, essa paisagem está sempre mudando. Os ventos e as marés continuam a moldar a ilha, e, ao longo dos anos, ela já perdeu vários quilômetros.

Os famosos cavalos selvagens

Entre as maiores atrações estão os incríveis cavalos selvagens, que somam cerca de 560 indivíduos. Eles vivem em liberdade e oferecem uma vista deslumbrante que encanta todos que visitam a ilha.

A origem desses cavalos ainda gera debates. Há quem acredite que eles vieram após um naufrágio, enquanto outros defendem que foram levados por moradores da região. Uma coisa é certa: em 1959, quando o governo canadense cogitou removê-los, a comoção foi grande. Crianças ao redor do mundo escreveram cartas pedindo pela preservação dos animais, e essa pressão culminou em uma proteção legal que perdura até hoje.

Ventos, marés e vida resistente

Apesar das condições extremas, a vida na Ilha Sable persiste. O clima difícil impede que vegetações densas se desenvolvam, mas algumas espécies raras se adaptaram a esse ambiente inóspito. Uma delas é a colônia de focas-cinzentas, onde cerca de 50 mil filhotes nascem anualmente.

A falta de predadores e a ausência de insetos, como mosquitos e carrapatos, ajudam a manter o equilíbrio do ecossistema. No entanto, essa harmonia é delicada. Por isso, todos os visitantes devem passar por um rigoroso processo de dedetização dos calçados, já que qualquer contaminação externa pode comprometer tudo.

Cemitério do Atlântico

A Ilha Sable também é conhecida como o “cemitério do Atlântico”. Estima-se que cerca de 350 embarcações tenham naufragado na região, devido a armadilhas naturais como bancos de areia submersos e densas neblinas, resultantes do encontro das correntes frias do Labrador com as quentes do Golfo.

Em 1801, o governo canadense criou a primeira estação de resgate marítimo para reduzir os acidentes. Desde então, os naufrágios diminuíram, sendo o último registrado em 1999. Hoje, a entrada na ilha é controlada e só é permitida com autorização especial.

Na Ilha Sable, o vento molda a paisagem, os cavalos correm livres e a natureza continua a ditar as regras. É um lugar singular e protegido, onde a beleza e a fragilidade se encontram.

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