Funcionário demitido por postar crítica em vídeo humorístico

O recente episódio envolvendo um ex-funcionário da Dass Nordeste Calçados e Artigos Esportivos S.A. ganhou destaque nos tribunais e nas redes sociais. O que começou como uma brincadeira bem-humorada acabou em polêmica jurídica. O trabalhador foi demitido por justa causa depois de gravar vídeos críticos à empresa dentro da fábrica de Vitória da Conquista, na Bahia. A decisão do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA) confirmou a gravidade da situação e a responsabilidade do funcionário.
O vídeo que provocou a demissão
No processo, ficou claro que o trabalhador gravou pelo menos dois vídeos com o próprio celular dentro da fábrica. Num desses vídeos, ele, usando o uniforme da empresa, faz uma pergunta sarcástica: “Como você consegue trabalhar na Dass?” Apesar de parecer uma piada, a empresa viu os vídeos como depreciativos, insinuando que o ambiente de trabalho era desagradável. A Dass argumentou que a atitude prejudicava sua imagem e violava regras internas — uma dessas regras proíbe expressamente o uso de celulares nas dependências da fábrica, algo que o funcionário havia concordado em assinar.
Justiça não viu inocência na brincadeira
O ex-funcionário tentou reverter a demissão, afirmando que só queria fazer humor. A juíza Cyntia Cordeiro Santos, da 2ª Vara do Trabalho de Vitória da Conquista, não aceitou esse argumento. Para ela, houve um descumprimento consciente das normas contratuais, e os vídeos tiveram um efeito negativo na imagem da empresa. O Tribunal Regional do Trabalho da Bahia também manteve a decisão anterior, com todos os desembargadores concordando que os vídeos, mesmo que destinados ao humor, criticavam diretamente a empresa e desrespeitavam as regras.
Precedente importante sobre redes sociais e trabalho
Esse caso é mais um exemplo da crescente importância das redes sociais no ambiente corporativo. Hoje, empresas e tribunais estão cada vez mais atentos às críticas públicas feitas por seus funcionários. Mesmo que a intenção seja engraçada, expor a empresa pode ser um grande problema. Em outras decisões, demissões por justa causa foram confirmadas por postagens consideradas ofensivas ou que violavam regras internas. O entendimento da jurisprudência tende a favorecer as empresas quando há provas de que os trabalhadores agiram de forma imprudente.
Empresa e imagem: o limite da liberdade de expressão
A Dass Nordeste Calçados é uma subsidiária do grupo argentino Dass e se destaca na produção de calçados esportivos de marcas renomadas, como Adidas e Asics. A empresa adota políticas rigorosas de segurança e controle de imagem, práticas comuns em indústrias que lidam com tecnologia. Apesar de o ex-funcionário ainda poder recorrer da decisão, a situação serve como um alerta: o que pode parecer uma piada inofensiva nas redes sociais pode ter sérias consequências no mundo do trabalho.