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Fraude de US$ 17 milhões na Apple: funcionário enganou a empresa por 7 anos

Entre 2008 e 2018, Dhirendra Prasad, um ex-funcionário da Apple, criou um dos maiores esquemas de fraude já vistos no Vale do Silício. Em seu cargo de confiança na divisão de cadeia de suprimentos, ele desviou incríveis US$ 17 milhões da gigante da tecnologia. O caso veio à tona somente anos depois, quando uma auditoria identificou a farsa que expôs falhas internas alarmantes na empresa.

O homem por trás do golpe

Veterano e respeitado, Prasad atuava na área de compras estratégicas, onde sua função envolvia a negociação de contratos e a aprovação de pedidos de materiais. Esse acesso privilegiado à informação e ao fluxo financeiro o transformou em um dos maiores fraudadores que a Apple já conheceu.

De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, ele criou um esquema contando com a colaboração de duas empresas fornecedoras. Juntos, eles elaboraram notas fiscais falsas, superfaturaram serviços e cobraram por produtos que nunca chegaram a ser entregues. O dinheiro desviado retornava a Prasad por meio de empresas de fachada, disfarçado de "pagamentos comerciais".

Como a fraude funcionava por 7 anos

O sistema interno da Apple, surpreendentemente, não detectou nada errado durante todos esses anos. Isso porque Prasad tinha a autonomia necessária para validar contratos e aprovar pagamentos de valores menores, que não eram revisados com frequência pelos auditores.

Ele manipulou o sistema, duplicando pagamentos, criando pedidos de compra fictícios e autorizando reembolsos indevidos. Além disso, se aproveitou para roubar componentes eletrônicos para revenda. No final, entre 2011 e 2018, ele conseguiu desviar mais de US$ 17 milhões, um valor que só começou a ser questionado quando a Apple iniciou uma revisão em contratos antigos.

Descoberta e investigação do FBI

Em 2018, a Apple notificou as autoridades, e o FBI e o Internal Revenue Service (IRS) começaram uma investigação abrangente. Durante as buscas, encontraram documentos que comprovavam a parceria entre Prasad e os fornecedores, além de evidências de sonegação fiscal.

Em novembro de 2022, Prasad se declarou culpado de fraude eletrônica e, em abril de 2023, foi condenado a três anos de prisão, além de ter que restituir US$ 17,4 milhões à Apple e US$ 1,8 milhão ao IRS, totalizando quase US$ 19,2 milhões.

A reação da Apple e o impacto no Vale do Silício

O escândalo pegou a Apple de surpresa e expôs sérias falhas no sistema de aprovação de compras. Fontes próximas à investigação dizem que a empresa logo reforçou seus protocolos de auditoria e criou um controle mais rigoroso sobre os fornecedores.

O procurador federal, Ismail Ramsey, comentou que a fraude foi possível devido à confiança excessiva em funcionários com acesso a informações sensíveis. Em seu aviso oficial, o DOJ ressaltou que até mesmo empresas bilionárias podem ser enganadas quando há falhas internas.

“Prasad abusou da confiança da Apple e explorou brechas no sistema para enriquecer,” disse Ramsey.

Um alerta global sobre corrupção corporativa

O caso de Dhirendra Prasad se tornou um exemplo nos Estados Unidos sobre como fraudes corporativas podem se esconder em grandes multinacionais, mesmo com sistemas de conformidade sofisticados.

Especialistas em governança apontam que a situação reforça a importância de auditorias independentes, mudança de cargos de confiança e monitoramento automatizado de transações — medidas que a Apple já começou a implementar após o escândalo.

O desvio de US$ 17 milhões na Apple mostra uma lição clara: a vulnerabilidade não está apenas nas máquinas, mas nas pessoas que as operam. Mesmo com a supervisão atenta de executivos e tecnologia, as fraudes mais perigosas podem estar sendo cometidas dentro da própria empresa.

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