Diamante de 646 quilates em Coromandel gera pouco retorno ao Brasil

Um diamante bruto de impressionantes 646,78 quilates foi encontrado em Coromandel, uma cidade do Triângulo Mineiro, e a novidade foi divulgada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no dia 7 de setembro de 2025. Essa pedra é a segunda maior já descoberta no Brasil, ficando atrás apenas do famoso diamante Getúlio Vargas, que foi encontrado em 1938 na mesma região.
Embora essa descoberta seja impressionante e possa valer milhões no mercado internacional, apenas 2% do valor de venda retornará ao Brasil em impostos. Essa porcentagem já foi definida pela Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e é um número bastante reduzido diante da riqueza gerada pela mineração no nosso território.
A descoberta em Coromandel
O diamante foi achado em uma região que possui Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), o que significa que a extração foi feita de forma legal e com supervisão adequada. Embora a descoberta tenha sido registrada em maio de 2025, foi apenas recentemente que essa informação foi tornada pública. Coromandel, que já é conhecida pela extração de gemas, se destaca novamente no cenário nacional, quase 90 anos após o marco do diamante de Getúlio Vargas, consolidando sua posição como um dos principais polos de mineração de diamantes no Brasil.
Processo de certificação e venda
A comercialização dessa nova pedra preciosa seguirá as diretrizes do Processo de Certificação de Kimberley (CPK). Este acordo internacional foi criado em 2003 para prevenir que pedras preciosas sejam usadas para financiar conflitos ou ações ilegais. A ANM será responsável por registrar todos os dados sobre o diamante, como peso, quilates, origem e destino.
Somente após a emissão do Certificado de Kimberley, o diamante estará apto a ser vendido no mercado interno ou exportado. Essa certificação é essencial para que a transação seja reconhecida no mundo todo.
O baixo retorno em impostos
Um dos pontos mais preocupantes é o retorno econômico que essa prática gera para o Brasil. De acordo com a legislação atual, a CFEM para diamantes é de apenas 2% sobre a receita bruta de venda. Isso significa que, mesmo que a pedra atinja valores muito altos em leilões internacionais, restará uma fração bem pequena para os municípios, estados e União.
A ANM informa que os recursos arrecadados são destinados a áreas como saúde, educação e infraestrutura local. Porém, essa quantia é reduzida quando comparada ao que investidores e colecionadores estão dispostos a pagar pela gema.
Debate sobre tributação da mineração
Esse caso reacende a discussão sobre a política tributária da mineração no Brasil. Recursos naturais raros e de alto valor, como diamantes, geram grandes fortunas para o mercado global, mas garantem pouco retorno para as regiões responsáveis pela extração.
No momento em que compradores internacionais competem por pedras desse valor, municípios mineradores como Coromandel acabam recebendo uma parte bem pequena da riqueza gerada, o que é um tema que vem sendo debatido há anos no Brasil.