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Cem homens transportam Mercedes-Benz até o Nepal, o carro de Hitler

A fotografia que mostra vários homens nepaleses carregando um carro nos ombros é um verdadeiro registro da história. Essa cena aconteceu no vale de Chitlang, ao longo do caminho conhecido como “Caminho do Rolls Royce”. Esse trajeto era uma representação da engenhosidade e resiliência humana diante das dificuldades que o Nepal enfrentava na época.

Mas o que torna esse registro ainda mais interessante é a história por trás do carro. O veículo, um Mercedes-Benz, foi presenteado nada menos que por Adolf Hitler ao rei do Nepal, introduzindo um elemento curioso na narrativa mundial.

O caminho antes das estradas

Durante muitos anos, essa rota foi a principal ligação entre Katmandu e as planícies do Terai. Sem estradas modernas, as pessoas precisavam desmontar os carros e levá-los sobre postes de bambu nas costas dos carregadores.

Esse trajeto se tornou vital para comerciantes, peregrinos e moradores locais. Até 1956, era a única ligação pavimentada entre Katmandu e a Índia. Para fazer a travessia, era necessário passar por colinas e florestas, cruzando pequenas aldeias como Chitlang, Markhu e Kulekhani.

A construção da Estrada Tribhuvan mudou tudo, fazendo com que o caminho caísse em desuso. Isso resultou no isolamento de vilarejos que agora se tornaram memórias de um tempo passado.

Hitler e o carro presenteado

A história do Mercedes-Benz remete à década de 1940, quando Hitler decidiu presentear o Rei Tribhuvan, avô do último rei nepales. O modelo, um 230 Pullman Landaulet, foi o primeiro automóvel a chegar no país. Sem estradas, o único jeito de levar o carro até Katmandu foi carregá-lo manualmente.

Outra versão dessa história afirma que o carro foi destinado a Juddha Shumsher, Primeiro-Ministro da Índia, para angariar apoio dos soldados Gurkhas durante a Segunda Guerra Mundial.

O trabalho dos carregadores

O transporte manual de cargas é uma prática que existe há milênios. Mesmo com os avanços da tecnologia, no Nepal ainda é comum, especialmente em áreas de difícil acesso. Os Sherpas, conhecidos mundialmente por guiar expedições nos Himalaias, se tornaram referência nesse trabalho.

Embora o nome Sherpa se refira a um grupo étnico, hoje ele é sinônimo de carregador experiente, essencial para levar equipamentos e suprimentos a lugares onde os veículos não conseguem chegar.

Tradição e engenhosidade

O transporte do Mercedes-Benz para Katmandu é mais do que um evento singular; é uma demonstração da determinação das comunidades montanhosas. Mesmo com as mudanças trazidas pelo mundo moderno, essas comunidades continuam a adaptar métodos tradicionais às novas necessidades.

Esse episódio ilustra como, com criatividade e um esforço coletivo, é possível superar desafios físicos e logísticos. Essa combinação de engenho e força humana foi crucial para que o carro chegasse ao seu destino.

O retorno do automóvel

Anos depois, a surpresa: o Mercedes-Benz ainda existia! Ele foi restaurado e agora leva os visitantes em um museu do palácio nepalês. Antes, passou mais de cinco anos guardado em uma velha garagem do palácio, após ser deixado de lado por uma escola de engenharia que o usava para aulas práticas.

A trajetória desse carro é fascinante. De um meio de transporte de um dos líderes mais controversos da história, passou a ser peça de estudo e de memória cultural. Sua história vai do cenário europeu da década de 1930 às trilhas montanhosas do Nepal, unindo política, geografia e resistência humana.

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