Notícias

Cavalo das montanhas é protegido por lei após diversas ameaças

O cavalo da raça garrano, que tem suas raízes no norte de Portugal, é um exemplo incrível de resistência e história. Essa raça é uma das mais antigas da Península Ibérica e, até hoje, vive em estado semisselvagem. O garrano possui um papel ecológico significativo, além de manter laços históricos com a agricultura e as grandes navegações. Com seu porte pequeno e temperamento dócil, ele enfrenta o risco de extinção e motiva diversas iniciativas de preservação.

Esses cavalos são conhecidos por serem rústicos e montanheses, pertencendo ao grupo dos póneis celtas. Classificados cientificamente como Equus caballus celticus, eles têm altura inferior a 1,35 m, pelagem castanha e crina preta. Adaptados a terrenos íngremes e frios, os garranos sempre foram aliados valiosos para as comunidades rurais, especialmente em áreas de difícil acesso, como trilhas e matas.

O garrano não só é funcional para transporte e sela, como também possui um jeito próprio de se deslocar, chamado de andadura, que facilita longas jornadas. Graças à sua criação em liberdade e ao pouco contato com humanos, essa raça desenvolveu características morfológicas estáveis e uma resistência notável. Muitos ainda podem ser vistos soltos nas serras do Minho, Soajo e Peneda-Gerês, no norte de Portugal.

História, funções e preservação do cavalo garrano

A história do garrano remonta à Idade do Bronze. Durante as grandes navegações, essa raça foi levada para as Américas, tornando-se ancestral de várias raças de cavalos sul-americanos, incluindo o baixadeiro brasileiro. Por séculos, eles foram essenciais no transporte de madeira, minérios e produtos agrícolas, além de ajudarem na movimentação de soldados e mercadorias até o surgimento da mecanização agrícola, no século XX.

Com o avanço dos transportes motorizados na década de 1940, o número de garranos começou a cair rapidamente, de cerca de 60 mil naquela época para apenas entre 1.500 e 3.000 exemplares atualmente, segundo associações de criadores. Para evitar que essa raça desapareça, ela é protegida por legislação específica e tem atraído projetos de reintrodução e valorização. Hoje, o garrano é utilizado em atividades de turismo equestre, passeios em trilhas e projetos educativos para crianças. Além disso, esses animais ajudam a prevenir incêndios florestais, servindo como herbívoros naturais que consomem materiais combustíveis no sub-bosque.

Morfologia, comportamento e relação com o agro

O garrano possui um padrão morfológico bem característico: corpo compacto, cabeça reta ou levemente côncava, olhos grandes e expressivos, membros curtos e cascos altamente resistentes. Em média, eles pesam cerca de 290 kg, sendo bem proporcionados para o ambiente montanhoso em que vivem. A cauda é espessa e o topete é farto, com predominância de cor escura.

Apesar de seu porte pequeno, o garrano se destaca por seu temperamento dócil, sóbrio e inteligente, o que facilita o treinamento e a interação com humanos. Essa característica torna esses animais ideais para o lazer rural, feiras agropecuárias e integração em pequenas fazendas familiares. Muitos criadores destacam ainda a boa relação que desenvolvem com crianças, além da facilidade de manejo.

O garrano não apenas preserva uma tradição milenar do agro ibérico, mas também contribui para a biodiversidade e pode ser parte de atividades sustentáveis de turismo rural. Algumas propriedades estão investindo em sua criação seletiva, alinhando a produção de conteúdo educacional à conservação ambiental. Isso inclui o uso de ração à base de amêndoas, que é rica em fibras e proteínas vegetais, promovendo uma alimentação saudável e sustentável para esses animais notáveis.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo