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Capivaras se tornam 4ª maior ameaça à aviação no Brasil

As capivaras, os maiores roedores do mundo, estão se tornando um assunto inesperado no setor aéreo brasileiro. Um estudo recente revelou que esses animais ocupam a quarta posição na lista das espécies mais perigosas para a segurança da aviação no Brasil. Esse estudo foi feito pelo Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina, em colaboração com a Secretaria Nacional de Aviação Civil.

O levantamento analisou dados de 2011 a 2024 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e utilizou análises de DNA para identificar espécies envolvidas em colisões. Curiosamente, o urubu-de-cabeça-preta lidera a lista, com mais de 600 ocorrências registradas em 120 aeroportos, seguido por outros pássaros grandes.

Colisões envolvendo capivaras

O estudo revelou que desde 2019, 33 colisões com capivaras foram oficialmente reportadas. Dessas, em cinco situações houve danos às aeronaves. A maioria das colisões ocorreu durante a fase de pouso, com 19 registros, enquanto quatro episódios aconteceram durante a arremetida.

Essas ocorrências foram confirmadas em 11 aeroportos espalhados por estados como Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. O porte das capivaras, que pode variar de 27 a 91 kg, aumenta o risco de danos nos voos, especialmente se comparado a aves como o urubu-de-cabeça-preta, que pesa entre 1,18 e 3 kg.

Para minimizar esses riscos, os especialistas sugerem algumas medidas, como cercamento de áreas operacionais e monitoramento de valas de drenagem.

Outras espécies e comparativos

O guia também aponta a presença de outras aves e animais, como urubus, garças, corujas e até morcegos. O urubu-de-cabeça-preta, por exemplo, participou de 617 colisões, com 280 resultando em danos. Isso mostra que o número de ocorrências não sempre indica a gravidade do problema. O quero-quero, por sua vez, tem 5.939 colisões registradas, mas aparece apenas na 37ª posição no ranking, pois seu peso (277 a 426 g) torna os impactos menos danosos.

Essa diferença ajuda a entender por que animais de maior massa, como as capivaras, acabam se destacando no contexto de segurança, mesmo tendo menos registros no total.

Projeto de lei e contexto paralelo

Enquanto as aviações buscam formas de proteger os voos dos riscos que a fauna traz, em Goiás um projeto que permite a caça de javalis, considerados invasores, está em pauta. Esses animais também causam preocupações ambientais e operacionais. Esse debate ressalta a complexidade de equilibrar segurança, preservação e as atividades humanas, especialmente em áreas sensíveis como os aeroportos.

Detalhes do guia e metodologia

O guia que orienta sobre essas questões traz informações sobre as características, hábitos e alimentação das espécies, funcionando como uma ferramenta prática para gestores aeroportuários. Os critérios de avaliação incluem acidentes que causaram danos leves ou graves, com dados organizados pela ANAC.

Além disso, as análises de DNA foram cruciais para identificar espécies em situações onde a identificação visual não foi possível.

LabTrans e atuação

O LabTrans/UFSC desempenha um papel fundamental na pesquisa e desenvolvimento desse material, englobando projetos relacionados a transportes em diversas modalidades. Os especialistas alertam que a presença de fauna em áreas de aeródromos é um risco direto e que requer monitoramento constante. Fenômenos como wildlife strike ou bird strike são uma preocupação global.

É interessante notar que fatores como a proximidade de áreas verdes e cursos d’água influenciam a presença de animais perto dos aeroportos. No caso das capivaras, a presença de valas de drenagem e água próxima aumentam as chances de invasão.

Medidas preventivas

Entre as recomendações estão também campanhas educativas nas comunidades vizinhas aos aeroportos, instalação de barreiras vegetais e um reforço nas análises de impacto operacional. A ideia é que essas ações ajudem tanto a reduzir o número de colisões quanto a gravidade dos acidentes.

Com tudo isso, espera-se que as informações coletadas de 2011 a 2024 possam fornecer um panorama detalhado das ameaças à aviação no Brasil.

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