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Amazônia: recursos estratégicos atraem atenção global e disputa

A floresta amazônica pode estar prestes a transformar-se no coração de uma nova revolução energética global. O Brasil, com uma riqueza mineral incrível abaixo de seus pés, vem se destacando rapidamente nesse cenário geopolítico em mutação.

Recursos como terras raras, nióbio e até mesmo hidrogênio branco colocam o Brasil em uma posição privilegiada, embora tão exposta a interesses estrangeiros. Esses elementos são cada vez mais valorizados em um mundo onde a tecnologia limpa e digital está em alta — pense em turbinas eólicas, painéis solares e veículos elétricos. O geofísico e divulgador científico Sérgio Sacani, em uma conversa recente no Podcast Ciência Sem Fim, não hesita em comparar esses novos recursos ao petróleo de décadas passadas.

Terras raras na Amazônia: riqueza no subsolo brasileiro

Antes, a Amazônia só aparecia nos debates sobre meio ambiente, mas agora ela é vista por outro ângulo. Além de seu valor ecológico inestimável, o subsolo amazônico esconde reservas promissoras de terras raras, tório, nióbio e outros minerais essenciais. Sacani comenta que o verdadeiro interesse está no que está enterrado sob a floresta, e essa busca é cada vez mais evidente.

Ele enfatiza que na atualidade, “quem tem terra rara, manda no mundo”. A dependência das tecnologias modernas por esses insumos é palpável. Um estudo da Agência Internacional de Energia indica que a demanda por minerais críticos, como lítio e cobalto, pode aumentar quatro vezes até 2040. Enquanto isso, países mineradores tradicionais, como China e Austrália, se consolidam na liderança desse mercado, mas o Brasil, com suas riquezas do Norte, aparece como uma opção atraente.

Hidrogênio branco: energia limpa diretamente da Terra

Outra promessa energética que surge é o hidrogênio branco. Essa forma natural do gás, encontrada em reservatórios subterrâneos, pode ser retirada diretamente do solo, semelhante ao petróleo. O método tradicional para produzir hidrogênio verde envolve custos altos e consumo excessivo de energia, tornando o hidrogênio branco uma alternativa mais viável e limpa. Sacani explica que diversas empresas ao redor do mundo já estão investindo pesadamente na exploração desses reservatórios.

Ele ressalta que a verdadeira inovação está em encontrar onde o hidrogênio já existe, ao invés de criá-lo do zero.

Nióbio e lantânio: ativos estratégicos do Brasil

O Brasil destaca-se também na produção de nióbio, fundamental nas indústrias de aeroespacial, supercondutores e baterias avançadas. Com mais de 90% das reservas conhecidas do mundo, o país possui um verdadeiro trunfo estratégico que precisa ser mais valorizado. Iniciativas como o trabalho em Minas Gerais com baterias de lantânio mostram a capacidade inovadora do Brasil, mas também a necessidade de apoio governamental e de investimentos consistentes.

Para garantir a soberania sobre esses recursos, é urgente que o Brasil trabalhe para não ser apenas um fornecedor de matéria-prima, mas se posicione como um player relevante na cadeia produtiva.

Pressões ambientais e interesses externos na Amazônia

Contudo, a exploração desses recursos não acontece em um território neutro. Sacani levanta uma questão delicada: “O meio ambiente virou desculpa para a exploração de terras raras. A pergunta é: querem proteger a Amazônia ou garantir acesso ao que está embaixo dela?” Grupos ambientais e organizações internacionais têm pressionado por uma maior proteção da floresta, mas as críticas de Sacani sugerem que pode haver interesses ocultos por trás dessas preocupações.

Essa tensão entre a preservação ambiental e a soberania mineral continua a crescer, especialmente com os avanços na mineração tecnológica.

Crise de eficiência energética e alternativas viáveis

Mesmo com as promessas de energias limpas, vivemos uma verdadeira crise de eficiência energética. Fontes intermitentes, como solar e eólica, têm suas limitações, enquanto a energia nuclear de fissão gera resíduos radioativos complicados de gerenciar. Sacani comenta que a verdadeira energia limpa, a fusão nuclear, ainda está longe de ser alcançada, enquanto países como a China estão na vanguarda da inovação energética.

Recentemente, a China anunciou a descoberta da maior mina de tório do mundo e já está desenvolvendo baterias utilizando esse mineral, o que representa um risco estratégico para o resto do planeta.

Biocombustíveis e inovação brasileira no cenário energético

O Brasil está em uma encruzilhada interessante. Com suas riquezas e know-how em biocombustíveis, como o etanol, que gera mais energia do que consome, o país tem uma vantagem. Para cada unidade de energia gasta na produção de etanol, são produzidas oito unidades.

No entanto, falta uma articulação nacional e políticas públicas coerentes que garantam uma visão estratégica a longo prazo.

Inteligência artificial e o novo desafio do consumo energético

O avanço da inteligência artificial também traz novos desafios. Data centers e supercomputadores consomem uma quantidade imensa de energia e exigem soluções inovadoras para refrigeração. Sacani sugere ideias como o uso de nitrogênio líquido, inspirado em práticas de overclocking de competições de informática, para mitigar esse impacto.

Com um mundo em constante mudança, as soluções para a crise energética precisam ser ousadas e baseadas em ciência.

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