Mundo Automotivo

Rússia utiliza escambo para contornar sanções ocidentais

A guerra na Ucrânia e as sanções mais severas do Ocidente estão transformando o comércio na Rússia de maneiras inesperadas. Para sobreviver quando as restrições financeiras apertam, os russos estão voltando ao velho escambo. Em vez de dinheiro, estão trocando produtos como trigo e sementes de linho por carros chineses e materiais de construção. Uma estratégia que lembra tempos difíceis dos anos 1990, mas que agora se reinventa com novas necessidades.

Desde 2022, mais de 25 mil sanções foram impostas por Estados Unidos, Europa e aliados, isolando os bancos russos e limitando as exportações. Isso gerou um novo jeito de fazer negócios, unindo a Rússia a parceiros como China e Índia. Mesmo assim, as dificuldades se fazem presentes, atingindo tanto bancos quanto empresas locais.

No setor automotivo, a saída de grandes montadoras ocidentais — como Toyota, Volkswagen e Renault — abriu espaço para as marcas chinesas. Com tanta concorrência a menos, esses fabricantes já dominam impressionantes 90% das vendas de carros novos no mercado russo, que era o 11º maior do mundo.

E a turminha não para por aí. Apesar das limitações, os russos seguem comprando carros ocidentais por caminhos alternativos. Montadoras locais estão montando modelos da Hyundai e Kia sem autorização, enquanto importações paralelas, feitas via Cazaquistão e outros países da Ásia Central, mantêm marcas tradicionais como Toyota e Mercedes na mente e no coração dos consumidores.

Com bancos chineses com medo de sanções, muitos negócios agora recorrem ao escambo para facilitar as transações. Até mesmo o governo elaborou um guia sobre como realizar essas trocas sem precisar de movimentação financeira tradicional. Pensaram até em criar uma bolsa específica para escambo!

Essa prática, vista com estranheza no passado, está se tornando cada vez mais comum. A Reuters alertou sobre diversas transações desse tipo, que envolvem trocas de tudo, de trigo a alumínio. Olhando por esse ângulo, a verdade é que produtos ocidentais estão entrando na Rússia de forma bem criativa, burlando as restrições.

Embora o governo minimize a importância do escambo, dados de alfândega mostram discrepâncias enormes quando comparados a números oficiais. Isso indica que uma boa parte do comércio acontece fora dos métodos tradicionais. O cenário torna-se um reflexo das pressões das sanções e do desejo por alternativas.

Essas movimentações remetem à década de 1990, quando o colapso soviético fez muitos a negociar tudo no “toma lá, dá cá” — do petróleo ao açúcar. Agora, a Rússia não está sem dinheiro, mas enfrenta bloqueios no sistema financeiro global. E assim, o escambo volta a ser uma solução — ainda que cheia de riscos e limitações.

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