Governo sugere acabar com autoescolas para obter CNH

A formação de motoristas no Brasil pode estar prestes a passar por uma revolução. O Ministério dos Transportes apresentou uma proposta que poderia eliminar a obrigatoriedade de aulas teóricas e práticas nas autoescolas para obter a tão desejada Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A medida tem seus prós e contras, especialmente quando falamos de custo e segurança no trânsito, e já está dando o que falar.
O debate esquentou no Congresso Nacional durante os dias 2 e 3 de setembro, onde foram realizadas audiências públicas. Vários parlamentares, especialistas e representantes de diferentes setores se reuniram para discutir essa mudança. A ideia do governo é simplificar todo o processo, permitindo que quem deseja tirar a CNH escolha entre aulas presenciais, cursos online ou até mesmo contratar instrutores particulares.
De acordo com o plano, o candidato poderá iniciar o processo diretamente no Senatran ou no Detran, onde fará exames médicos e psicológicos, a prova teórica e, se quiser, algumas aulas práticas antes de encarar o teste final de direção. O que continua obrigatório, claro, são as provas, mas o caminho até elas poderia se tornar bem mais leve.
No entanto, essa proposta não é unanimidade. A Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto) já mostrou seu descontentamento, alegando que a mudança pode ameaçar cerca de 300 mil empregos e causar perdas que podem chegar a R$ 14 bilhões por ano no setor. Eles também criticam o fato de não terem sido consultados, já que o fórum técnico do Contran está fechado há mais de um ano.
Para a Feneauto, essa proposta não é uma modernização, mas uma simples troca. Eles alertam que dar liberdade para instrutores autônomos, que podem não ter a mesma estrutura necessária, pode colocar em risco a qualidade do ensino e a formação de novos motoristas. Além disso, enquanto as autoescolas estão proibidas de oferecer ensino à distância, o governo liberaria essa modalidade para outras pessoas.
Especialistas em segurança viária também estão com a pulga atrás da orelha. Celso Mariano, um nome respeitado na área, acredita que cortar a formação obrigatória pode aumentar os índices de imprudência e os acidentes. Ele reafirma que um trânsito seguro depende de uma educação de qualidade, e sem essa base, o risco de retroceder e colocar vidas em perigo aumenta consideravelmente.
O governo, por outro lado, justifica a mudança pela democratização do acesso à CNH. Afinal, hoje em dia, retirar a carteira pode custar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil, com quase R$ 2,5 mil indo direto para as autoescolas. A ideia é que, com mais flexibilidade, o preço final seja mais acessível para quem está querendo tirar a CNH.
Por enquanto, a proposta ainda está em análise e pode ser aprovada de maneira rápida, sem passar primeiro pelo Congresso. Se for aprovada, quem estiver a fim de dirigir terá que continuar passando pelas provas teóricas e práticas, mas agora poderá escolher como se preparar. O desafio todo é encontrar um meio-termo entre facilitar o acesso à CNH e garantir a segurança nas estradas.
Só o tempo dirá como essa proposta irá influenciar a formação de novos motoristas e, consequentemente, a segurança no trânsito. O importante é ficar de olho, porque as mudanças podem afetar diretamente quem está na direção. E, afinal, quem já encarou um trânsito caótico sabe que ter um motorista bem preparado faz toda a diferença!