Debate sobre segurança de chips em veículos – Fipe Carros

A discussão sobre o uso de chips eletrônicos em carros está pegando fogo, especialmente com o lançamento do Xiaomi YU7. Esse modelo decidiu usar o processador Snapdragon 8 Gen 3, que é uma tecnologia feita para celulares, no sistema do painel. Isso levantou uma série de preocupações sobre segurança e durabilidade desses equipamentos quando colocados em veículos.
O Li Fenggang, executivo da FAW-Audi, resolveu compartilhar suas preocupações em um vídeo. Ele deixou claro que os chips de consumo, como os que encontramos em nossos smartphones, não são feitos para suportar as mesmas condições que os chips voltados para a indústria automobilística. Os automotivos têm que seguir normas rigorosas, como AEC-Q, ISO 26262 e IATF 16949, garantindo que eles sejam mais robustos e confiáveis.
Um dos pontos mais críticos é a resistência a condições extremas. Os chips automotivos precisam funcionar de -40°C a 150°C, enquanto os chips de consumo só operam de 0°C a 70°C. Imagina pegar a estrada no inverno rigoroso ou em um calor escaldante e o chip não aguentar? Isso é um pesadelo que ninguém quer ter. Além disso, os chips de carro devem suportar poeira, umidade e vibrações, que são comuns nas nossas aventuras na estrada.
Outra diferença chave é a durabilidade. Enquanto trocamos de celular a cada poucos anos, nossos carros permanecem conosco por uma década ou mais. Isso significa que os chips automotivos precisam ter uma vida útil prolongada, com uma produção que garanta qualidade uniforme ao longo do tempo.
Li também destacou o risco de falhas. Chips de consumo podem ter até 500 falhas por um milhão de unidades, algo absolutamente inaceitável para veículos. Para esses, o padrão é menos de 1 falha por milhão, especialmente em sistemas que impactam a segurança do motorista e dos passageiros.
Claro que não é a primeira vez que vemos um carro utilizando chips de consumo. A Tesla também já adotou soluções similares e acabou enfrentando recall devido a problemas de superaquecimento. O lançamento do Xiaomi YU7 reacendeu essa conversa sobre a linha entre inovação e segurança.
O professor Zhu Xichan, da Universidade de Tongji, comentou que os carros modernos têm em média mil chips, e nem todos precisam passar pelas certificações de segurança. Em módulos de menor importância, o uso de chips mais acessíveis pode ser uma boa opção, desde que façam testes de durabilidade, como o AEC-Q100. Mesmo assim, Zhu ressalta que não dá para comparar diretamente esses chips com os de consumo. Eles precisam passar por testes que comprovem a resistência em ambientes automotivos.
A Xiaomi, por sua vez, garantiu que a placa do cockpit do YU7 passou no teste AEC-Q104, que é voltado para sistemas que usam múltiplos chips. Isso mostra que eles estão levando a sério a questão da confiabilidade, mesmo sem confirmar a certificação individual do processador. Outros fabricantes, como a BYD, estão investindo pesado em novas tecnologias, com uma fábrica de veículos elétricos recém-inaugurada na Bahia.
Os especialistas, então, recomendam que, embora seja possível usar chips de consumo em partes menos críticas do carro, será necessário ter um cuidado redobrado nas áreas que realmente importam. O balanço entre custo, inovação e segurança vai ser fundamental na escolha dos componentes para os carros do futuro.