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China captura imagens inéditas do cometa 3I/ATLAS em Marte

O cometa 3I/ATLAS foi avistado no início de outubro por uma câmera de alta resolução da Tianwen-1, a espaçonave da China que está em órbita de Marte desde 2021. Na hora da captura das imagens, o cometa estava a cerca de 30 milhões de quilômetros da nave, uma distância que possibilitou a obtenção de detalhes sobre seu movimento e a coma — a “nuvem” de gases e poeira que envolve o núcleo do cometa.

As imagens foram processadas e organizadas em uma animação de 30 segundos, mostrando o deslocamento do cometa. Esses registros se juntam aos coletados por duas missões europeias, a ExoMars TGO e a Mars Express. Esses dados oferecem uma visão mais completa da atividade do cometa, com diferentes ângulos de observação.

Como a China planejou o registro

A aproximação do 3I/ATLAS foi antecipada desde setembro, quando cálculos preveram que o cometa passaria perto de Marte em 3 de outubro de 2025. Para isso, a equipe da Tianwen-1 ajustou o ângulo de observação e o tempo que os instrumentos ficariam expostos, priorizando períodos estáveis para captar imagens mais nítidas.

Todo o planejamento incluiu a coordenação entre diferentes subsistemas e testes de telemetria, garantindo que as imagens fossem transmitidas com segurança para o centro de controle. O objetivo era capturar o melhor momento da aproximação com uma boa resolução e contraste, sem comprometer a segurança da missão.

O que as imagens mostram

As imagens processadas revelam uma estrutura cometária bem definida, com destaque para a coma e o movimento do cometa em relação ao fundo estelar. A série de imagens permite comparar o brilho do cometa em diferentes momentos, um dado valioso para estudar a dinâmica de partículas ao seu redor.

O empilhamento e a análise dos frames resultaram em uma animação científica, que ilustra o vetor de deslocamento do 3I/ATLAS. Essa geometria de observação a partir de Marte é única e acrescenta muito às estimativas sobre a atividade e a orientação do cometa, algo que telescópios na Terra não conseguem captar de forma tão eficaz.

Complemento das sondas europeias

As sondas ExoMars TGO e Mars Express, da Agência Espacial Europeia, também fizeram registros no mesmo fim de semana. Isso ofereceu visões distintas do cometa, o que aumenta as chances de detectar variações sutis em seu brilho e melhora a avaliação da estrutura da coma em intervalos curtos.

Com múltiplos pontos de observação próximos a Marte, os cientistas podem eliminar ambiguidades geométricas e investigar hipóteses sobre a taxa de sublimação do cometa e a direção de jatos que possam surgir de sua superfície. Esses dados criam uma base para futuras pesquisas sobre o cometa.

O que é o 3I/ATLAS e por que importa

O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar identificado ao cruzar o Sistema Solar. Descoberto em 1º de julho de 2025, acredita-se que ele venha de regiões perto do centro da Via Láctea e tenha entre 3 e 11 bilhões de anos, possivelmente até mais antigo que o nosso Sol. Isso torna o 3I/ATLAS uma janela para entender materiais formados em outros ambientes estelares.

Recentemente, foi notado que ele apresenta mudanças de cor e uma aceleração que não pode ser explicada apenas pela gravidade — características típicas de cometas ativos. Isso reforça a importância de coletar dados em longos períodos para distinguir variações naturais do cometa de possíveis falhas nos instrumentos.

Implicações para as missões chinesas

O sucesso no registro do 3I/ATLAS pela Tianwen-1 amplia o espectro científico da missão e serve como ensaio para a Tianwen-2, que foi lançada em maio. Essa nova missão tem como objetivo coletar amostras de um asteroide próximo da Terra e estudar um cometa do cinturão principal.

Conseguir captar um alvo tão frágil e em movimento a partir de Marte representa um avanço nas técnicas de navegação e observação da China. Para a engenharia, isso valida rotinas críticas de controle térmico e estabilidade durante exposições prolongadas, fundamentais para imagens de objetos com brilho fraco.

Próximos passos de análise

Com os dados em análise, a equipe vai focar em quantificar o brilho relativo do cometa, explorar gradientes na coma e buscar indícios de jatos ou assimetrias no seu comportamento. A animação de 30 segundos é uma base para estudos mais profundos, que podem incluir técnicas avançadas de processamento de imagem.

Esses resultados serão comparados com os dados obtidos pelas sondas europeias, criando uma oportunidade valiosa para validar as medições de fotometria e astrometria. Com essa combinação de dados, os cientistas devem conseguir estimativas mais precisas sobre a atividade e a orientação do cometa.

As imagens da Tianwen-1 e das sondas europeias proporcionam uma visão inédita de Marte sobre o 3I/ATLAS, formando um legado importante para a compreensão da atividade cometária e o planejamento de futuras missões. A proximidade, a sequência de observações e os ângulos variados aumentam significativamente a qualidade da evidência reunida.

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