A cratera Aorounga no Saara tem 12,6 km e intriga cientistas

Um impacto colossal, que aconteceu há cerca de 345 milhões de anos no norte do Chade, resultou numa das formações mais fascinantes do planeta: a Estrutura de Aorounga, uma enorme cratera localizada no Deserto do Saara. Quando vista de cima, essa estrutura circular, com 12,6 km de diâmetro, se assemelha a um gigantesco olho esculpido na terra. As características únicas da Aorounga continuam intrigando cientistas, tornando-a importante no estudo geológico.
Desde que começou a ser estudada no fim do século 20, essa cratera tem revelado informações valiosas sobre o passado do nosso planeta, como o comportamento dos ventos no deserto e até mesmo possíveis ameaças vindas do espaço. A Aorounga se tornou um verdadeiro laboratório natural para entender colisões cósmicas e suas consequências.
### A origem da cratera: impacto de um meteoro “assassino de cidades”
A cratera Aorounga surgiu após o impacto de um meteoro de cerca de 600 metros de diâmetro chocando-se com a crosta terrestre. Esse tipo de meteoro é conhecido como “assassino de cidades”, devido ao seu potencial devastador em uma grande área. O impacto não só esculpiu a cratera, mas também pode ter influenciado o clima global daquela época.
A estrutura exibe dois anéis concêntricos, com uma elevação central que lembra a pupila de um olho. As formações rochosas ao redor dão a impressão de pálpebras naturais, tornando a paisagem ainda mais intrigante.
### Aorounga pode fazer parte de uma cadeia de crateras
Pesquisas realizadas com radares na década de 90 indicaram que a Aorounga pode não estar sozinha. Pesquisadores identificaram estruturas semelhantes nas proximidades, levando à hipótese de que fragmentos do mesmo meteoro possam ter causado outros impactos na região. Se confirmada, essa teoria mostra a importância da Aorounga como um local de estudo sobre colisões espaciais.
### Dunas em constante movimento ajudam a estudar o deserto
A região ao redor da Aorounga também é fascinante devido ao deslocamento das dunas barcânicas, que têm forma de meia-lua. Imagens comparativas de satélite mostram que, entre 2003 e 2013, algumas dessas dunas se moveram mais de 400 metros. As menores são as que se deslocam mais rapidamente, já que são mais afetadas pelos ventos. Segundo a NASA, algumas pequenas dunas podem até desaparecer em menos de uma década, evidenciando o dinamismo do Deserto do Saara.
### Yardangs: esculturas naturais esculpidas pelo vento
Outro fenômeno interessante na cratera são os yardangs, que são formações rochosas alongadas. Criadas pela erosão do vento ao longo de milênios, essas estruturas se destacam pela cor escura e se erguem como esculturas naturais no deserto. Elas ajudam os pesquisadores a entender melhor a força erosiva dos ventos e os processos que moldam os desertos ao longo do tempo.
A Estrutura de Aorounga é uma verdadeira joia do nosso planeta, oferecendo muitas pistas sobre eventos passados e seguindo a inspirar cientistas em busca de respostas. No coração do Deserto do Saara, essa cratera serve como um lembrete de que a Terra está em constante transformação, e que muitas histórias estão gravadas nas rochas.