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Taiwan realiza exercícios militares para se defender da China

Taiwan deu início à sua tradicional operação militar, Han Kuang, que começa na quarta-feira e se estenderá por aproximadamente dez dias. Este exercício anual, considerado o maior e mais longo até hoje, tem como objetivo fortalecer a defesa da ilha, que está sob a ameaça de uma possível invasão da China.

O Han Kuang não apenas visa preparar a população para uma possível agressão, mas também tem a função simbólica de demonstrar a capacidade defensiva de Taiwan e de transmitir uma mensagem clara à China. O governo de Pequim considera Taiwan parte de seu território e prometeu um dia “reunificá-la”, inclusive deixando em aberto a possibilidade de usar a força para isso. Essa situação gera preocupações sobre um potencial conflito que poderia envolver os Estados Unidos, principal aliado de Taiwan.

### O que é o Han Kuang?

Realizado anualmente desde 1984, o exercício Han Kuang mobiliza milhares de soldados em manobras que abrangem operações terrestres, marítimas e aéreas. O nome em chinês da operação originalmente referia-se à recuperação do território continental da China, um dos objetivos do primeiro governo da República da China. Contudo, o foco real do Han Kuang é treinar as capacidades de defesa de Taiwan, uma necessidade crescente diante do aumento da pressão militar da China nos últimos anos.

### O que ocorre durante o exercício?

Antes dos principais exercícios, que ocorrerão entre 9 e 18 de julho, as autoridades já conduziram uma série de simulações em ambientes controlados. Durante os exercícios de julho, serão utilizados sistemas avançados, como lançadores de foguetes, drones e mísseis desenvolvidos localmente. Um destaque é o sistema de lançamento de foguetes móveis Himars, recém-adquirido dos Estados Unidos, que possui um alcance maior que os equipamentos atualmente em uso.

Cerca de 22 mil reservistas participarão do Han Kuang deste ano, representando um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Os exercícios serão planejados de maneira não linear, ou seja, sem um roteiro fixo, para avaliar a capacidade de resposta das tropas a um ataque surpresa, uma atualização sugerida por analistas militares que criticavam os exercícios anteriores pela falta de realismo.

Além disso, os exercícios também incluirão táticas para combater as crescentes ações de guerra híbrida da China, que incluem invasões frequentes do espaço aéreo e da água de Taiwan. Para promover a defesa civil, a população local também participará, simulando evacuações e ensaios para situações de ataque aéreo.

### Por que Taiwan está intensificando o Han Kuang?

Nos últimos meses, a China tem intensificado suas campanhas de desinformação e ataques cibernéticos, que alguns especialistas acreditam serem estratégias para desgastar a defesa de Taiwan. As análises dos Estados Unidos indicam que a China representa uma “ameaça iminente” à ilha, com um alerta sobre um suposto cronograma militar que o presidente Xi Jinping teria estabelecido para preparar a capacidade de invasão até 2027. Embora essa informação não tenha sido confirmada por Pequim, os EUA afirmam que a China está se preparando para usar a força militar para alterar o equilíbrio de poder na região.

As relações entre Taiwan e China se tornaram ainda mais tensas sob a presidência de William Lai, eleito no ano passado. Reconhecido como “separatista” por Beijing, Lai tem adotado uma postura mais combativa em relação à China, incluindo o fortalecimento das capacidades militares do país. Para Pequim, o Han Kuang é visto como provocativo. Um porta-voz do Ministério da Defesa da China criticou os exercícios, considerando-os uma manobra de propaganda da liderança de Taiwan.

### Significado do Han Kuang deste ano

As mudanças no Han Kuang fazem parte de um esforço maior para reformar a estrutura militar e defensiva de Taiwan, que enfrentou críticas internas e externas. A confiança da população em suas forças armadas é variável; em uma pesquisa realizada no ano passado, apenas 47.5% dos entrevistados afirmaram confiar nas capacidades de defesa do país.

Em anos recentes, o governo dos EUA tem incentivado Taiwan a aumentar seus investimentos em defesa e modernizar suas forças armadas, especialmente em face do crescente ceticismo em relação à disposição americana para intervir militarmente em caso de um ataque chinês. Além disso, Taiwan está ampliando seu serviço militar obrigatório, desenvolvendo submarinos e mísseis próprios e aumentando sua capacidade de defesa urbana.

Essas iniciativas são parte de uma estratégia apelidada de “porco-espinho”, que visa tornar a ilha mais difícil de ser capturada, implementando táticas de guerra assimétrica e investindo em sistemas de armas menores e mais ágeis, como drones.

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