Rússia e Belarus realizam exercício nuclear após invasão de drones

A situação entre a Polônia e a Rússia está se intensificando rapidamente e trouxe à tona preocupações sérias sobre a segurança na Europa. A crise começou na madrugada de 10 de setembro de 2025, quando a Polônia registrou 19 incursões de drones russos em seu espaço aéreo. Esse foi o maior número desde o início dos conflitos na Ucrânia. Algumas dessas aeronaves foram abatidas por caças poloneses e da Otan, enquanto outras acabaram caindo em diversos pontos do país. Atingiram até mesmo uma casa na região de Lublin, mas, felizmente, sem deixar feridos.
Esse episódio alarmou as autoridades polonesas, que decidiram ativar o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte. Esse artigo permite consultas emergenciais entre os países-membros em situações de ameaça à segurança. Para as autoridades da Europa, isso foi considerado a mais séria violação aérea da Rússia contra a Europa desde 2022.
Início do exercício nuclear em 12 de setembro
E a situação se agravou ainda mais. Apenas dois dias depois, em 12 de setembro, Rússia e Bielorrússia iniciaram um exercício nuclear de grande escala. O evento inclui tropas terrestres, aeronaves de ataque, navios de guerra e até submarinos. As atividades estão previstas para ocorrer até 16 de setembro, em várias regiões, como o mar Báltico, o mar de Barents e até no Círculo Polar Ártico.
Dentre as armas testadas, destaca-se o míssil hipersônico Oreshnik, que a Rússia anunciou em julho e que agora foi deslocado para a Bielorrússia. O Ministério da Defesa russo afirma que o exercício é "rotineiro" e não mira em nenhum país em específico, mas a coincidência com a crise dos drones aumentou a percepção de provocação.
Reações da Polônia e da Otan
A reação da Polônia foi imediata. O primeiro-ministro Donald Tusk afirmou que o país está vivendo “o momento mais próximo de um conflito armado desde a 2ª Guerra Mundial”. Diante da gravidade da situação, Varsóvia decidiu fechar a fronteira com a Bielorrússia e mobilizar mais forças na região leste.
A Otan também entrou em ação, reforçando sua presença na área. A França enviou três caças para ajudar na defesa aérea polonesa, enquanto a Alemanha deslocou um batalhão para a Lituânia, aumentando sua capacidade de contenção militar no Báltico. O secretário-geral da aliança, Mark Rutte, classificou as ações russas como “absolutamente imprudentes”.
Belarus sob suspeita direta
Um ponto que gerou mais tensão foi a origem de parte dos drones. O governo polonês afirmou que muitos deles foram lançados diretamente de Belarus, o que poderia colocar Minsk como um participante ativo nessa escalada. Em resposta, o general Pavel Muraveiko, chefe do Estado-Maior bielorrusso, negou a acusação, dizendo que suas forças de defesa apenas monitoraram os drones que estavam "fora de curso". No entanto, essa explicação não convenceu Varsóvia ou seus aliados da Otan.
Riscos para a Europa e para o Brasil
A presença do míssil hipersônico Oreshnik em exercícios nucleares aumenta os riscos de erros de cálculo estratégico. Para a União Europeia, o incidente eleva o temor de um acidente ou até um confronto direto. Já para o Brasil e outros países que dependem de energia e grãos, essa escalada representa riscos de instabilidade nos preços de combustíveis, fertilizantes e alimentos, dado que a região é vital para rotas de transporte.
Analistas alertam que, se a situação evoluir do Artigo 4 da Otan para o Artigo 5, que garante defesa coletiva em caso de ataque, as consequências para o comércio internacional e para a segurança global podem ser severas.
Os eventos recentes — as incursões de drones russos sobre a Polônia em 10 de setembro e o início do exercício nuclear em 12 de setembro — sinalizam que a crise no leste europeu atingiu um novo patamar de tensão militar. O uso do Oreshnik, aliado à retórica de Moscou e ao fechamento da fronteira polonesa, aumenta o risco de incidentes que podem transformar exercícios em um conflito real.