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Reinhold Messner escala sozinho todos os picos acima de 8.000 m

A história do alpinismo teve um divisor de águas com a figura de Reinhold Messner. Ele nasceu no norte da Itália, na encantadora região do Tirol do Sul, onde cresceu cercado pela beleza dos Alpes. Desde cedo, as montanhas deixaram de ser mero cenário na sua vida e se tornaram uma verdadeira paixão. Ninguém imaginava que aquele jovem de um vilarejo se tornaria uma lenda, desafiando limites e realizando feitos que ainda impressionam atletas e especialistas.

Messner ficou famoso por uma conquista que parecia fora de alcance: escalar sozinho e sem oxigênio suplementar todos os 14 picos do planeta acima de 8.000 metros, conhecidos como “os gigantes do Himalaia”. Enquanto muitos alpinistas dependiam de grandes expedições com equipamentos pesados e suporte de equipe, ele adotou um estilo totalmente diferente. Messner subiu usando apenas o que carregava nas costas, em um que ele chamou de "estilo alpino puro", mostrando que é possível enfrentar as montanhas com mais liberdade e respeito.

A escalada que chocou o mundo da montanha

Seu nome gravou-se na história quando se tornou o primeiro homem a alcançar o Monte Everest sem oxigênio suplementar. Isso foi revolucionário, considerando que muitos médicos acreditavam que essa façanha poderia ser fatal. No cume, a pressão atmosférica é tão baixa que isso compromete a oxigenação do corpo. Mesmo assim, Messner conseguiu chegar ao topo apenas com sua respiração, desafiando o que se acreditava ser o limite da resistência humana.

As consequências dessa escalada foram profundas. A comunidade médica começou a revisar seus modelos para situações de altitude extrema. Estudiosos de universidades da Europa e Ásia passaram a observar a capacidade de adaptação do corpo humano, usando os feitos de Messner como referência. Sua escalada não só revolucionou o montanhismo, mas também influenciou pesquisas sobre sobrevivência em ambientes adversos.

Após o Everest, seu objetivo se ampliou para os 14 picos acima de 8.000 metros. Levou 16 anos para completar essa missão, com a última montanha conquistada em 1986. Entre os desafios, ele enfrentou o K2, considerado o mais técnico do mundo, o Nanga Parbat, conhecido como “Montanha Assassina”, e o Annapurna, famosa pelo alto índice de fatalidades.

O alpinista que redefiniu a palavra “impossível”

Messner continuou a desafiar limites. Ele atravessou o deserto de Gobi a pé, passou pela Antártida sem motoneves e caminhou pela Groenlândia, sempre com foco na autossuficiência. Essas expedições solidificaram sua imagem como um atleta que valoriza a experiência e a resiliência acima da tecnologia e do trabalho em equipe.

Documentários e livros destacam Messner como o montanhista mais completo da era moderna. A forma como ele vê a relação entre o ser humano e a montanha é bastante influente em cursos de escalada. Para ele, o alpinismo não é sobre dominar a natureza, mas sim compreendê-la, reconhecendo a fragilidade diante dela.

Do pânico ao respeito: o trauma que moldou sua jornada

A história de Messner não é só de conquistas, mas também de dor. Durante uma expedição ao Nanga Parbat, ele perdeu seu irmão, Günther, que desapareceu após os dois chegarem ao cume. Essa tragédia ficou marcada como um dos momentos mais difíceis de sua vida, mas também o motivou a continuar desbravando os limites humanos, agora com a consciência de que a montanha cobra um alto preço.

Anos mais tarde, restos compatíveis com o irmão foram encontrados, encerrando anos de incertezas e polêmicas. Para Messner, aquele momento teve um forte valor emocional, trazendo um fechamento para uma ferida que sempre o acompanhou.

O legado de Messner para a humanidade

Hoje, Reinhold Messner é considerado uma lenda viva. Ele participou da fundação de museus dedicados às montanhas, escreveu muitos livros e contribuiu para pesquisas científicas que analisam suas conquistas. Seus feitos ainda são estudados por especialistas que tentam entender como conseguiu alcançar tal nível de performance sem os recursos modernos que temos hoje.

Mais do que escalar montanhas, Messner desbravou limites que pareciam inalcançáveis. Ele provou que coragem, preparação e disciplina podem expandir fronteiras do que consideramos possível. Sua trajetória é um exemplo de que, quando uma pessoa decide enfrentar o impossível, pode mudar profundamente a compreensão humana.

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