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Por que tarifas geralmente falham e as de Trump podem falhar também

Hoje era a data prevista para a implementação das tarifas recíprocas do ex-presidente Donald Trump sobre diversos países, que tinham sido adiadas por três meses devido à falta de acordos comerciais. No entanto, essa introdução foi novamente postergada, agora para o dia 1º de agosto.

Essa nova data cria mais incerteza para as empresas, mas também oferece uma nova oportunidade para que os parceiros comerciais dos Estados Unidos negociem acordos e evitem as pesadas taxas. Economistas geralmente acreditam que tarifas elevadas prejudicam tanto a economia do país que as impõe quanto seus trabalhadores e consumidores.

Até agora, as tarifas de Trump não levaram a um aumento significativo na inflação, nem desaceleraram a economia ou restringiram o crescimento do emprego nos Estados Unidos. Porém, especialistas alertam que as consequências disso podem aparecer mais tarde, sugerindo que o atual período de calmaria pode dar à administração uma falsa sensação de segurança.

Os analistas argumentam que, em geral, os benefícios do livre comércio superam os custos, mesmo em países desenvolvidos. Eles explicam que as tarifas, que são impostos sobre produtos importados, tendem a elevar os custos de produção e os preços para os consumidores. Aproximadamente metade das importações dos EUA consiste em produtos intermediários necessários para a fabricação de bens acabados.

Um exemplo prático disso é a indústria de aeronaves e automóveis, onde muitos componentes são adquiridos de outros países. Quando as empresas americanas enfrentam custos mais altos devido às tarifas, isso acaba sendo repassado ao consumidor, que passa a pagar mais pelos bens.

No passado, durante o primeiro mandato de Trump, tarifas severas já haviam sido aplicadas sobre bilhões de dólares em importações. Estudos revelaram que essas tarifas foram totalmente repassadas aos preços internos, resultando em perdas para consumidores americanos. Nos últimos 20 anos, tarifas baixas favoreceram a redução dos preços para os consumidores, especialmente após a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001.

Os especialistas preveem que as novas tarifas poderão novamente elevar os preços nos Estados Unidos. A presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, já indicou que a inflação nos bens está aumentando e espera mais elevações nesse sentido.

Além disso, as tarifas tendem a prejudicar a produção econômica dos EUA. Um estudo anterior demonstrou que o aumento das tarifas teve efeitos negativos persistentes sobre o PIB do país que as impunha. Um dos motivos é que, quando as tarifas são baixas ou inexistentes, as economias podem se especializar nas áreas em que têm vantagem e exportar esses bens e serviços.

Outro fator que afeta negativamente a produção é o aumento dos custos de insumos importados, que impede um uso mais eficiente da mão de obra. Além disso, a incerteza sobre as tarifas pode desestimular investimentos. A Federação Nacional de Pequenas Empresas dos EUA já sinalizou que essa incerteza está afetando a disposição das empresas para investir.

As tarifas também podem resultar em perdas de empregos. Aumentos nos impostos de importação geralmente levam a um leve aumento no desemprego. Durante a aplicação de tarifas sobre o aço em 2018, estudos mostraram que houve uma perda líquida de empregos, já que há mais trabalhadores na indústria que utiliza aço do que na indústria siderúrgica em si.

Retaliações por parte de outros países também representam um risco. Quando Trump anunciou novas tarifas, diversos parceiros comerciais logo retaliaram, criando um clima de tensão. Embora economistas concordem que o livre comércio traz benefícios, eles também reconhecem que isso traz alguns custos, como a perda de empregos em comunidades expostas à competição externa.

Por fim, a dependência de fornecedores distantes, evidenciada durante a pandemia, também é uma preocupação. Enquanto tarifas não são geralmente vistas como uma solução eficaz para desenvolver a manufatura local, subsídios específicos para certos setores são vistos como uma abordagem mais direta e promissora. Além disso, o livre comércio é considerado crucial para a manutenção da paz entre as nações, já que relações comerciais próximas reduzem o espaço para conflitos.

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