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Muralha do Japão terá investimento de 12,7 bilhões de dólares

A Muralha do Japão é uma resposta impressionante ao desastre que ocorreu em 2011. Com um projeto que se estende por 400 km, esta estrutura se tornou a maior defesa marítima já construída, superando até mesmo a Grande Muralha da China. Com alturas que variam de 12 a 15 metros, a obra tem um custo estimado de 12,7 bilhões de dólares e abrange três províncias: Iwate, Miyagi e Fukushima. A ideia é proteger 300 comunidades na costa nordeste do país.

As obras começaram logo após a tragédia e a previsão é que tudo esteja pronto até 2030. A escala do projeto é monumental. São 30 milhões de metros cúbicos de concreto utilizados, mais de 50 mil trabalhadores envolvidos e trabalho em turnos de 24 horas. Embora alguns trechos já estejam finalizados, o projeto gera um debate sobre a segurança, a economia e o modo de vida das pessoas que vivem nas proximidades do mar.

Por que a Muralha do Japão é necessária

O dia 11 de março de 2011 marcou a história do Japão. Um terremoto de magnitude 9,1 atingiu o país, provocando um tsunami com ondas que chegaram a 40 metros em alguns locais. Alguém poderia imaginar o pânico que se seguiu?

Alarmes foram disparados apenas três minutos depois do tremor, mas, em algumas áreas litorâneas, mesmo 20 minutos não foram suficientes para evacuar. O desastre resultou em 18,5 mil mortes, 470 mil pessoas desabrigadas, 120 mil prédios destruídos e um custo econômico de 235 bilhões de dólares. A problemática do reator de Fukushima Daiichi, que não suportou as ondas, mostrou que era preciso agir.

O que vai ser construído e onde o muro atua

A Muralha do Japão é mais do que um simples muro; é um sistema completo de defesa costeira. Sua fundação alcança 20 metros no subsolo, projetada para suportar impactos severos. É importante ressaltar que, embora ela não prometa bloquear completamente a água, o objetivo é reduzir a força das ondas, que pode salvar vidas.

Partes desse projeto contam com portões automatizados que permitem o acesso para atividades diárias, mas se fecham rapidamente quando o tsunami é detectado. O concreto usado é especial, resistente à corrosão marinha e feito para durar 100 anos com pouca manutenção.

Como a barreira reduz o impacto de tsunamis

Quando as ondas estão em água profunda, elas podem viajar a mais de 800 km/h com aproximadamente 1 metro de altura. Mas ao se aproximarem da costa, elas desaceleram, elevando a altura e o impacto. Se uma onda de 15 metros encontra um muro de 12 metros, o impacto é menor, o que pode fazer a diferença entre uma evacuação bem-sucedida e uma situação caótica.

A estratégia de defesa é em camadas: há quebra-mares submarinos, a Muralha e abrigos elevados. Um exemplo é Kamaishi, que já tinha o maior quebra-mar do mundo, mas mesmo assim, em 2011, sofreu severas consequências. Assim, o Japão combina várias soluções para se proteger.

O passado ensina: cronologia de tragédias e lições

A região de Sanriku já possui um histórico de tsunamis devastadores. Em 1896, um evento inesperado levou à morte de 22 mil pessoas. O medo de repetir essas tragédias é um dos motores por trás do projeto da Muralha. Desde 684 d.C., o país tem enfrentado tsunamis e a construção da Muralha é um esforço institucional para reduzir os prejuízos que um futuro evento pode causar.

O preço invisível: paisagem, turismo e modo de vida

Apesar da proteção contra tsunamis, a Muralha tem seus custos sociais. Em áreas onde a estrutura bloqueia a vista do mar, moradores sentem que perdem referências culturais e climáticas essenciais para a pesca. As crianças, por exemplo, crescem sem ver o oceano da escola ou de casa. Isso teve um impacto direto no turismo, que diminuiu 40%.

As comunidades estão se mobilizando, pedindo ajustes que conciliem segurança com a preservação de sua paisagem. No entanto, o governo segue decidido a manter e concluir as obras, ciente de que sua prioridade é a segurança da população.

Por que alternativas não bastaram

Várias outras iniciativas, como a plantação de florestas costeiras de pinheiros, tentaram frear as ondas, mas já foi comprovado que a solução era insuficiente. Os muros de proteção do passado foram facilmente destruídos em 2011. A verdade é que, para proteger a população, o Japão decidiu avançar com a Muralha, combinando diferentes soluções.

Execução, cronograma e operação

As obras seguem em ritmo acelerado, com equipes trabalhando 24/7 para cumprir a meta de 2030. As partes já concluídas já estão operando com sistemas de alerta e evacuação. O foco é sempre a manutenção e o treinamento, que são fundamentais para salvar vidas em caso de emergência.

O concreto e a automação são investimentos para minimizar custos futuros e garantir que a Muralha funcione de forma eficaz. É uma grande obra, que proporciona proteção, mas também propõe um dilema: como conciliar a segurança da população com a manutenção do modo de vida costeiro que tanto os caracteriza.

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