Mergulhadores limpam estátua de bronze de Jesus a 18 m de profundidade

Uma escultura impressionante de Jesus Cristo se encontra a cerca de 18 metros de profundidade na costa norte da Itália. Conhecida como “Cristo do Abismo”, essa estátua é um verdadeiro ponto de encontro para mergulhadores que visitam o local. Para garantir sua preservação, a peça passa por uma limpeza anual, uma prática que se tornou essencial para manter a estrutura em bom estado.
Instalada em 1954, essa obra não é apenas uma escultura submersa. Ela é um tributo às vidas perdidas no mar, um ícone que carrega consigo uma forte carga histórica e religiosa. O bronze, que poderia parecer apenas um objeto esquecido nas profundezas, é, na verdade, um sinal de respeito e memória.
Origem da escultura
A ideia de criar o Cristo do Abismo surgiu de Duilio Marcante, que era um mergulhador conhecido por sua contribuição na formação de novos praticantes do esporte. Ele desejava homenagear Dario Gonzatti, um pioneiro do mergulho com equipamentos modernos, que faleceu em 1947 durante testes.
Para dar vida a essa ideia, Marcante contou com o talentosíssimo escultor Guido Galletti, que fez uma peça de aproximadamente 2,5 metros. Na escultura, Cristo aparece em posição de oferenda, com os braços erguidos, transmitindo uma sensação de acolhimento e proteção. Curiosamente, os materiais utilizados na sua confecção foram reaproveitados de navios, canhões e até troféus.
Instalação no fundo do mar
A instalação do monumento exigiu cuidado especial para que ele não se movesse devido às correntes marítimas. Assim, a base da escultura foi reforçada com cimento. Em 1954, Marcante e outros mergulhadores se uniram para colocar a peça no fundo do mar, acompanhando a instalação com flores, criando um momento de reverência.
O local escolhido para a instalação não foi por acaso. A costa da Ligúria tem uma rica tradição marítima, e a presença do Cristo ali se tornou um símbolo para todos os que dependem do mar.
Desafios de conservação
Estar em um ecossistema marinho tão vibrante traz suas próprias dificuldades. A estátua necessita de limpeza frequente devido ao acúmulo de organismos marinhos. Antigamente, a limpeza era feita com escovas de metal, mas esse método acabou danificando a escultura. Em uma ocasião, até uma das mãos do Cristo precisou ser recolocada.
Hoje, a técnica foi aprimorada, e a polícia italiana utiliza pistolas de água pressurizada. Essa abordagem é eficaz para remover algas, crustáceos e bactérias, preservando tanto o bronze quanto o ambiente marinho.
Um espetáculo para os mergulhadores
A historiadora de arte Alessandra Cabella afirma que essa atividade de manutenção não causa impacto ambiental. Na verdade, os peixes costumam se aproximar durante a limpeza, tornando o processo um espetáculo visual para os mergulhadores que acompanham. Uma filmagem recente, por exemplo, registrou mergulhadores trabalhando na retirada de organismos que se fixam na estátua.
Expansão da ideia
O sucesso do Cristo do Abismo inspirou a criação de réplicas em diversos lugares. Uma delas, situada em Key Largo, na Flórida, atrai muitos turistas e mergulhadores. Outra pode ser encontrada em Granada, instalada em terra firme. Mesmo com as cópias, a escultura original continua sendo a mais respeitada e é um dos destinos de mergulho mais famosos do Mediterrâneo, recebendo visitantes de várias partes do mundo.
Estátua no fundo do mar: entre fé e turismo
O Cristo do Abismo é uma junção de simbolismo religioso, arte e a beleza do fundo do mar. Este monumento se tornou um ponto de encontro entre espiritualidade e aventura, atraindo aqueles que desejam algo além de apenas mergulhar.
A cada ano, a estátua renova sua importância, se destacando como um símbolo cultural da região e um lembrete das vidas perdidas no mar. É essa combinação de fé, história e conservação que a mantém firme e relevante nas águas do Mediterrâneo.