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Médico prescreve remédio, plano nega e paciente piora: o que diz a lei?

O uso de medicamentos fora da bula é um tema que voltou a ser discutido recentemente no Brasil, especialmente entre aqueles que lidam com doenças raras, médicos e especialistas em Direito à Saúde. Essa prática, conhecida como off-label, acontece quando um remédio é utilizado de uma forma diferente da que foi aprovada pela Anvisa. Isso pode trazer insegurança e, muitas vezes, negativas por parte dos planos de saúde. Mas será que essa recusa é realmente legal? E quais são os direitos do paciente?

Ficar sem acesso a um tratamento pode ser muito complicado, especialmente quando estamos falando de doenças graves. Nesses casos, um pequeno atraso pode resultar em consequências sérias. Por isso, é fundamental entender o que a legislação diz sobre o uso de medicamentos off-label e quais os direitos que protegem os pacientes.

### Quando o medicamento não segue a bula, mas salva vidas

O uso de medicamentos de forma diferente da indicação na bula não é uma prática nova, nem é considerada ilegal. Médicos em todo o mundo prescrevem esses medicamentos quando acreditam, com base em estudos científicos, que determinada substância pode oferecer um benefício maior que o tratamento tradicional.

Remédios usados em tratamentos oncológicos, por exemplo, muitas vezes têm seus usos ampliados na prática clínica. É importante lembrar que a bula nem sempre acompanha a velocidade das descobertas científicas. Um medicamento, mesmo aprovado, pode ser descoberto depois de um tempo como eficaz para outras condições. Assim, a prescrição off-label é apoiada por várias entidades médicas, desde que fundamentada em evidências técnicas e éticas.

No entanto, o verdadeiro desafio surge quando o plano de saúde se recusa a custear um medicamento, alegando que ele não está indicado para aquela finalidade. Muitas dessas negativas não têm respaldo legal, e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem se mostrado firme ao considerar essas recusas abusivas, especialmente se o medicamento já possui registro na Anvisa.

### Decisão do STJ mudou o cenário e reforçou a soberania da prescrição médica

O STJ decidiu que planos de saúde devem cobrir medicamentos off-label desde que eles tenham registro na Anvisa. Essa decisão é um grande passo, pois reconhece que a bula não pode ser o único critério para determinar a necessidade de um tratamento.

Os especialistas em Direito à Saúde enfatizam que essa orientação favorece os pacientes, garantindo que o médico, conhecedor do histórico de saúde do paciente, possa tomar a melhor decisão. A recusa de um plano de saúde em fornecer um tratamento assim pode ferir o direito constitucional à saúde. Afinal, não faz sentido impedir a acesso a um tratamento eficaz apenas porque a bula não foi atualizada.

As recusas se tornam mais problemáticas quando envolvem doenças raras ou crônicas. Nessas situações, atrasos no tratamento podem colocar em risco não só a qualidade de vida como a sobrevivência do paciente. Por isso, é vital que todo obstáculo colocado pelos planos de saúde seja visto como uma violação dos direitos do paciente.

### O que fazer quando o plano de saúde nega um medicamento off-label

Apesar de a lei estar do lado dos pacientes, ainda é comum que planos de saúde neguem pedidos. Eles costumam encontrar diversas justificativas, desde questões burocráticas até interpretações errôneas de regulamentações. Por isso, é essencial que o paciente não aceite uma negativa sem questionar.

A primeira ação deve ser solicitar a negativa por escrito, detalhando as razões. Em seguida, é importante reunir toda a documentação necessária, como relatórios médicos e exames, além da prescrição que justifique o uso off-label.

Com essa documentação em mãos, o paciente pode contestar a negativa diretamente com a operadora do plano. Caso a situação seja urgente, já existe o caminho judicial, onde uma ação com pedido de liminar pode garantir o acesso imediato ao medicamento, especialmente se houver risco à saúde.

O sistema judiciário brasileiro tende a seguir a linha do STJ, reconhecendo que negar um tratamento vai contra o direito à saúde garantido pela Constituição. Por isso, as decisões que favorecem o paciente têm sido recorrentes, muitas vezes em prazos curtos quando demonstrada a necessidade.

Esse tema ainda precisa de muito diálogo entre médicos, pacientes e especialistas em Direito, para que desinformações não apaguem as evidências clínicas. O uso de medicamentos off-label é uma parte importante da medicina moderna, e, quando fundamentado, pode levar a avanços significativos no tratamento de doenças graves. No final das contas, tudo isso é sobre garantir o que há de melhor para o paciente.

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