Notícias

Kolmanskop: cidade fantasma soterrada no deserto da Namíbia

No coração do deserto da Namíbia, uma cidade parou no tempo. Imagine um lugar onde as janelas, antes brilhantes, agora estão cheias de areia, e os corredores, que um dia foram movimentados, agora só ecoam com o vento. Essa é Kolmanskop, uma cidade fantasma marcada por uma história de riqueza passageira e a natureza recuperando seu território.

O nascimento de Kolmanskop: quando o diamante brotava da areia

Em 1908, na Namíbia sob domínio alemão, um trabalhador chamado Zacharias Lewala teve uma descoberta incrível enquanto limpava trilhos perto de Lüderitz. Ele encontrou um cristal brilhante e, sem saber, confirmou a existência de um campo de diamantes a céu aberto.

Rapidamente, a notícia se espalhou e, em poucos meses, aventureiros e geólogos se aglomeraram na região. Com isso, Kolmanskop nasceu no meio do deserto, dando início a uma história fascinante.

Um pedaço da Alemanha no deserto africano

Coloque riqueza à vista e veja o que acontece! Kolmanskop cresceu rapidamente, chegando a ter cerca de 1.300 habitantes, majoritariamente colonos alemães. E não era uma cidade qualquer; o local contava com uma infraestrutura que impressionaria até as metrópoles da Europa na época.

As casas eram construídas ao estilo alemão, com telhados inclinados. A cidade oferecia:

  • Um hospital com máquina de raios-X, uma das primeiras na África;
  • Escola, teatro e salão de baile;
  • Cassino e até uma fábrica de gelo no deserto;
  • Sistema de água encanada e eletricidade própria;
  • Transporte ferroviário interno.

Um verdadeiro oásis destinado a explorar a extração de diamantes.

Kolmanskop e o império do diamante

Os arredores de Kolmanskop foram designados como uma zona de exclusão chamada Sperrgebiet, controlada rigorosamente. O acesso era limitado, e a extração de diamantes passou a ser realizada com técnicas cada vez mais sofisticadas. Durante os anos 1910, a cidade produziu cerca de 11% de todos os diamantes do mundo, fundamental para a economia alemã na África.

Mas, como muitas histórias de exploração, o auge chegou ao fim. Na década de 1920, novas minas mais produtivas foram descobertas, e a cidade começou seu lento declínio. Em 1956, Kolmanskop foi oficialmente abandonada, deixando para trás móveis, instrumentos médicos e tudo, exceto os diamantes.

A areia do deserto começou a invadir as casas. Hoje, a areia cobre metade das portas e janelas, transformando as salas em cavernas iluminadas apenas por frestas de luz. As construções remanescentes parecem lutar contra o tempo.

Um cenário surreal: o turismo em meio ao esquecimento

Porém, Kolmanskop não desapareceu. Sua beleza singular e atmosfera nostálgica atraem fotógrafos e turistas de todas as partes do mundo. Atualmente, a cidade é um dos destinos turísticos mais procurados da Namíbia.

O acesso é controlado, pois a área ainda faz parte da zona de mineração Sperrgebiet, agora sob a administração do governo namibiano e empresas privadas.

Visitas guiadas são oferecidas, e algumas áreas foram preservadas para evitar desmoronamentos. Contudo, a maior parte permanece à mercê da areia e do tempo, criando um cenário que parece saído de um filme de ficção científica.

Kolmanskop, cidade fantasma e patrimônio esquecido

Mais do que um simples local abandonado, Kolmanskop simboliza o ciclo do extrativismo colonial. É a história de uma riqueza que beneficiou poucos e desapareceu rapidamente. Suas estruturas soterradas revelam uma narrativa de ganância, engenho e, finalmente, desintegração.

A cidade fantasma serve como um alerta histórico sobre os impactos de economias dependentes de recursos não renováveis. Ao mesmo tempo, é um retrato poético da natureza recuperando o espaço que lhe fora tomado.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo