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Itália registra queda na natalidade e endurece regras de cidadania

A Itália está enfrentando uma crise silenciosa e preocupante que ameaça seu futuro. A população vem diminuindo e a taxa de natalidade caiu para níveis históricos, gerando um envelhecimento acelerado da sociedade. O interessante é que, enquanto a Itália busca novos nascimentos, o governo de Giorgia Meloni tem aprovado leis que dificultam o acesso à cidadania, criando uma contradição assustadora.

Isso é visível em pequenas cidades como Fregona, no norte do país. Lá, o fechamento de escolas por falta de alunos já se tornou uma realidade. Os prefeitos estão tentando manter suas comunidades ativas, oferecendo incentivos para atrair novas famílias. O que acontece em Fregona é um reflexo do desafio enfrentado por toda a nação: o país precisa de mais gente, e ao mesmo tempo, fecha as portas para uma solução possível.

Um problema nacional: o “inverno demográfico”

A crise demográfica na Itália não é nova, mas agora os números são alarmantes. Nos últimos dez anos, a população diminuiu em cerca de 1,9 milhão de pessoas. Os nascimentos têm caído consecutivamente há 16 anos e, segundo dados do Istat, a taxa de fecundidade caiu para 1,18 filho por mulher, bem abaixo dos 2,1 filhos necessários para manter a população estável.

Para tentar reverter essa situação, o governo lançou políticas voltadas para as famílias, como bônus financeiros para recém-nascidos e incentivos fiscais. Mas a verdade é que, para muita gente, essas iniciativas ainda são insuficientes. A principal reclamação é a falta de apoio estrutural, como creches públicas que ofereçam vagas acessíveis. Muitas mulheres acabam tendo que escolher entre trabalhar e serem mães. Por isso, os italianos estão adiando a maternidade, o que piora a situação geral.

A solução controversa: imigração e a restrição aos descendentes

Com a queda acentuada na taxa de natalidade, a imigração poderia ser uma saída. Mas o governo de Giorgia Meloni tem adotado uma postura rígida sobre o assunto. Recentemente, o parlamento italiano aprovou uma lei que torna mais difícil o acesso à cidadania para descendentes italianos, conhecida como iure sanguinis.

Essa mudança impacta muitos descendentes, especialmente brasileiros e argentinos, que sempre tiveram caminhos mais simples para obter a cidadania. A nova legislação complica o processo e pode afastar uma fonte valiosa de “novos italianos”. Empresários, como Katia da Ros, da fabricante Irinox, afirmam que a mão de obra estrangeira é vital para a indústria. Sem ela, o crescimento econômico pode ser inviável.

O futuro em jogo

A combinação da baixa natalidade e das restrições à cidadania cria um panorama preocupante. Estima-se que a população da Itália possa diminuir em mais 5 milhões de pessoas nos próximos 25 anos. Um país que envelhece rapidamente enfrentará pressões crescentes em seu sistema de saúde e previdência, enquanto a força de trabalho encolhe.

A situação revela a complexidade do desafio italiano. O governo vê a natalidade caindo enquanto torna mais difícil para novos cidadãos entrarem no país, o que gera debate sobre a urgência desse dilema demográfico frente a interesses políticos. Se não houver mudanças significativas, seja no apoio às famílias ou nas políticas de imigração, muitas cidades italianas poderão se deparar com o mesmo silêncio que assombra Fregona.

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