Investigadora da ONU afirma que sanções dos EUA revelam ‘culpa’

Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, se manifestou após ser sancionada pelo governo dos Estados Unidos. Em uma postagem nas redes sociais, ela destacou que a punição de vozes críticas é um sinal de fraqueza e culpa, não de força.
As sanções foram impostas na quarta-feira, como parte de uma política do governo norte-americano para silenciar aqueles que opõem críticas à condução do conflito em Gaza. Albanese é uma advogada de direitos humanos e sua função é investigar abusos na região palestina.
Na quinta-feira, ela publicou mensagens chamando a atenção para a atual crise em Gaza. Em uma das postagens, ela enfatizou que as crianças estão morrendo de fome nos braços das mães enquanto as famílias tentam encontrar comida em meio aos bombardeios.
Albanese também participou de um programa de live onde expressou sua preocupação com as vidas perdidas nesse conflito e afirmou que a ONU está incapacitada de intervir de forma efetiva. Desde o início da guerra em Gaza, ela tem se posicionado de forma enfática contra o que considera um genocídio perpetrado por Israel. Este ponto de vista é fortemente contestado tanto por países como os Estados Unidos quanto por Israel, que negam as acusações de crimes de guerra.
O impacto das sanções contra Albanese foi considerado problemático por representantes da ONU. A porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, explicou que os relatores especiais não estão sob sua supervisão e que a imposição de sanções pode criar um precedente perigoso. O presidente do conselho de direitos humanos da ONU, Jürg Lauber, também lamentou a decisão dos EUA, pedindo que os países cooperem com os relatores da ONU e evitem ações de intimidação.
Volker Türk, chefe dos direitos humanos da ONU, pediu o fim das ameaças e atacou as sanções contra pessoas nomeadas pela ONU. Nos últimos meses, Albanese tem coletado apoio internacional, instando outros países a pressionarem Israel com sanções para acabar com os ataques na Faixa de Gaza. Ela também defende as investigações do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre possíveis crimes de guerra cometidos por oficiais israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Na mesma linha, o secretário de estado dos EUA declarou nas redes sociais que a “campanha de guerra política e econômica” de Albanese contra os EUA e Israel não seria mais tolerada. Ele indicou que ela seria adicionada à lista de sanções dos EUA devido ao que considerou ações ilegítimas contra israelenses no TPI.
Albanese tem sido alvo de críticas severas por parte de grupos e oficiais pró-Israel nos Estados Unidos e no Oriente Médio. Recentemente, a missão dos EUA na ONU pediu sua destituição, alegando um padrão persistente de antissemitismo e viés anti-Israel. As sanções dos EUA surgem após meses de uma ampla campanha para desacreditar opiniões contrárias à postura dos EUA em relação ao conflito em Gaza, incluindo ações como detenções e deportações de universitários que participavam de manifestações em defesa da Palestina.