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Interior de SP enfrenta colapso ambiental; satélite registra espuma tóxica

Imagens de satélites do programa Brasil MAIS revelaram um problema ambiental sério no estado de São Paulo. Recentemente, foi detectada a presença crescente de espuma tóxica cobrindo o Rio Tietê, especialmente na cidade de Salto. Essa situação, que ocorre há anos, ganhou destaque ao ser visível até do espaço, chamando a atenção tanto das autoridades quanto da população. Isso tudo indica que a questão do saneamento básico na região está realmente crítica.

Espuma avança 5 km em apenas 13 dias

As imagens foram obtidas pelos satélites Dove, da empresa Planet, que fazem parte da plataforma da SCCON, especializada em monitoramento ambiental. Entre 19 de julho e 1º de agosto, a espuma branca se espalhou rapidamente, partindo de uma área perto da cachoeira central de Salto e avançando cerca de 5 quilômetros, atingindo o limite urbano da cidade.

A SOS Mata Atlântica explica que essa espuma tóxica se forma pela alta concentração de detergentes e saponáceos que vão para o esgoto e são despejados irregularmente nos rios. Durante a época seca, quando o nível das águas é baixo, esses poluentes se acumulam e a espuma se torna mais espessa e persistente.

Governo e Sabesp admitem responsabilidade e prometem investimentos

Com a repercussão das imagens, o governo de São Paulo e a Sabesp reconheceram que essa espuma está fixada ao despejo de esgoto sem o tratamento adequado. Segundo a Sabesp, esse é um problema histórico que inclui também o descarte de efluentes industriais e lixo urbano em rios da bacia do Tietê.

Na região metropolitana de São Paulo, até 2023, o volume de esgoto sem tratamento que ia para o ambiente era assustador: equivalente a 22 mil piscinas olímpicas por mês. Para reverter essa situação, a Sabesp anunciou um investimento de R$ 70 bilhões até 2029 com o objetivo de universalizar o saneamento básico nas cidades sob sua gestão. Logo no primeiro ano após a desestatização, a empresa já havia conectado 1,4 milhão de pessoas ao sistema de tratamento de esgoto.

Simultaneamente, o governo do estado pretende investir mais R$ 20 bilhões em saneamento, com a meta de conectar 2,2 milhões de domicílios à rede de esgoto até o fim da década. A CETESB, órgão responsável pela fiscalização ambiental, também tem aumentado a rigor na supervisão de estações de tratamento e indústrias da região. Em 2025, multas totalizando R$ 3,8 milhões foram aplicadas a empresas e municípios que não seguiram normas ambientais.

Monitoramento diário e tecnologia como aliadas

O avanço da espuma vem sendo monitorado em tempo real por meio da RedeMAIS, que faz parte do programa federal Brasil MAIS. Esse sistema permite que prefeituras e estados acessem imagens de satélites e recebam alertas diários sobre mudanças ambientais, como desmatamento, queimadas, enchentes e situações semelhantes.

As tecnologias de sensoriamento remoto têm se tornado ferramentas importantes para evidenciar falhas na gestão de recursos e para pressionar por políticas públicas mais eficazes. No caso do Tietê, as imagens provam que a degradação do rio continua sendo um grande problema, apesar das promessas que já vivem há décadas.

Uma herança de descaso — e uma oportunidade de transformação

O cenário do Rio Tietê reflete o grande desafio do saneamento no Brasil: projetos ambiciosos cabendo a execução lenta e desigual. A atenção que esse caso ganhou graças às imagens de satélite pode ser o que faltava para apressar os investimentos, responsabilizar quem causa esses problemas e garantir que a população não continue exposta a riscos sanitaristas e ambientais por conta da falta de infraestrutura.

Enquanto a espuma continua a se espalhar no Tietê, a pressão sobre os gestores públicos e privados só tende a aumentar. O importante agora é transformar esse alerta vindo do espaço em mudanças concretas por aqui, garantindo um futuro melhor para todos.

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