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Humorista brasileiro relata impedimento de entrar em Moçambique

O humorista brasileiro Murilo Couto, junto com seus colegas do grupo Tons de Comédia, foi forçado a cancelar uma apresentação em Maputo, Moçambique, após serem retidos no aeroporto. O incidente aconteceu no último domingo, dia 20, e envolveu também o angolano Gilmário Vemba e o português Hugo Souza.

Gilmário compartilhou um vídeo nas redes sociais, informando que o trio estava esperando desde as 14h (horário local) e ainda não sabia qual seria seu destino. Ele ressaltou a frustração da situação, já que o grupo não tinha esclarecimentos sobre as razões da retenção e decidiu suspender o show por essas incertezas.

Os humoristas chegaram à capital moçambicana acompanhados pelo agente Pedro Gonçalves, da produtora Showtime. Antes de sua ida a Moçambique, eles realizaram uma apresentação em Luanda, Angola. Segundo informações, eles foram abordados por autoridades locais antes de chegarem à imigração. Um agente solicitou os passaportes e mencionou que teriam prioridade por conta do show, mas ao chegarem ao balcão, perceberam que precisavam de um "visto de atividades culturais".

A situação se complicou porque apenas Murilo havia solicitado esse visto. Gilmário e Hugo, por serem de países que não precisavam de visto, estavam isentos dessa exigência. Para obter o visto, Murilo precisou enviar um comprovante de reserva do hotel onde iria se hospedar em Maputo, mas mesmo após o envio, a resposta não foi recebida a tempo. O grupo tentou até pagar o visto no aeroporto, mas foram informados que deveriam aguardar.

Após algum tempo, um representante da TAAG — Linhas Aéreas de Angola comunicou que a imigração determinou que o grupo retornasse a Luanda. Somente após o cancelamento do show, os humoristas conseguiram falar com o responsável pela imigração, que informou que a entrada deles em Moçambique não seria permitida devido a "ordens superiores". Além disso, não poderiam passar a noite em um hotel, pois deveriam embarcar para Lisboa no dia seguinte, 21.

A situação levantou questões sobre possíveis motivações políticas. Dinis Tivane, assessor do político moçambicano Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 2024, afirmou que Gilmário foi impedido de entrar no país por expressar suas opiniões. O comediante angolano se encontrou com Mondlane em Lisboa em julho, mantendo laços com o político que liderou protestos contra os resultados eleitorais.

Vale destacar que Gilmário já havia se apresentado em Moçambique anteriormente sem nenhum ocorrido similar. Desde as eleições de outubro, o clima no país tem sido tenso, com Mondlane convocando manifestações em resposta à vitória de Daniel Chapo, do partido Frelimo. Organizações não governamentais relataram que 400 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia durante esse período de insatisfação social, que começou a aliviar apenas após encontros entre os líderes políticos em março e maio.

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