Homem viaja 203 países sem voar: 9 anos de aventura terrestre

Thor Pedersen, um dinamarquês que sempre sonhou em explorar o mundo, decidiu transformar sua paixão em uma missão audaciosa. Desde pequeno, ele admirava heróis de aventuras e, ao crescer, achou que talvez fosse tarde demais para viver uma grande aventura. Mas em 2013, um e-mail do pai mudou sua vida.
Na mensagem, estava uma lista de pessoas que tinham visitado todos os países do mundo. Essa informação acendeu uma faísca em Thor. Ele percebeu que cerca de 200 pessoas já haviam conseguido essa façanha, mas nenhuma delas havia viajado sem usar avião. E foi assim que Thor resolveu criar seu próprio desafio: visitar todos os 203 países do planeta, sem nunca embarcar em um voo e passando pelo menos 24 horas em cada um.
Uma jornada guiada por regras e determinação
Ele batizou seu projeto de Once Upon a Saga e estabeleceu algumas regras: não voar de jeito nenhum, passar ao menos um dia em cada país e não voltar para casa antes de terminar a jornada. Além disso, ele se impôs um orçamento de 20 dólares por dia, decidiu que não pagaria subornos e tentou evitar até mesmo um lanche no McDonald’s.
Thor elaborou uma rota que começava na Dinamarca e se estendia pela Europa, América do Norte, América Central e do Sul, Caribe, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania, com uma previsão de concluir a aventura em nove anos, nove meses e 16 dias.
De ônibus, trem e cargueiro: o planeta em movimento
Seu meio de transporte foi bastante variado: ele utilizou 351 ônibus, 158 trens e também andou de táxi, balsa e barco. Em algumas travessias, cruzou oceanos em navios cargueiros, enfrentando não só mares agitados, mas também momentos de tédio absoluto.
Uma das experiências mais marcantes foi durante uma tempestade no caminho entre a Islândia e o Canadá, que durou quatro dias. O ambiente se tornou gelado, e o convés do navio ficou coberto de gelo. Porém, esse susto deu lugar a um momento mágico quando o mar se acalmou e ele pôde ver a aurora boreal.
Em outras ocasiões, Thor teve a oportunidade de aproveitar a beleza do mundo, como os vales exuberantes da Venezuela e a tranquilidade do Machu Picchu em um momento em que o local estava quase vazio. Ele se lembra de uma cena particularmente especial: navegando em direção a um arco-íris gigante no Pacífico, algo que o oficial do navio jamais havia visto.
Pessoas que marcaram o caminho em diferentes países
Mas, mais do que as paisagens, o que realmente ficou na memória de Thor foram as pessoas que conheceu pelo caminho. Ele tinha um lema que guiava sua jornada: “Um estranho é apenas um amigo que você ainda não conheceu.”
Em cada lugar, havia sempre alguém disposto a oferecer uma refeição, uma cama ou um simples sorriso. Essas pequenas gentilezas foram essenciais para manter sua motivação, principalmente nos momentos mais difíceis. Thor percebeu que a bondade humana é algo que transcende fronteiras.
Foi acolhido por famílias, guias e até mesmo por desconhecidos que tornaram sua jornada ainda mais especial.
Os desafios e as pausas inesperadas
Nem tudo foi fácil nessa odisseia. Em alguns países, como a Guiné Equatorial, ele passou meses tentando conseguir um visto. Enfrentou dificuldades burocráticas e até bloqueios políticos em certos lugares.
A pandemia também trouxe um desafio inesperado. Preso em Hong Kong, ficou longe da noiva por um ano e meio. Nesse tempo, eles se casaram online, em uma cerimônia ajustada entre três fusos horários diferentes, e depois fizeram uma segunda cerimônia em Vanuatu e uma terceira em Copenhague.
Amor e propósito em meio à distância
A relação de Thor com sua noiva foi um capítulo emocionante na história. Ela o visitou 27 vezes, em 27 países diferentes, enquanto ele seguia sua jornada. Em uma dessas visitas, ele fez um pedido de casamento no topo do Monte Quênia, durante uma nevasca, com um anel feito com uma pedra rara que muda de cor.
Apesar de toda a beleza e romance, Thor confessa que pensou em desistir dois anos após o início da viagem. A pressão mental e a solidão foram grandes desafios, mas as lembranças de todas as pessoas que o ajudaram e o objetivo de realizar algo verdadeiramente único o mantiveram firme.
O fim da saga e um novo começo
Quando finalmente chegou às Maldivas, o último país da sua jornada, ele recebeu uma mensagem que o fez refletir: “Esta é a última vez na sua vida que você pode visitar um país novo.” Isso trouxe uma mistura de emoção e paz, pois ele havia realizado o impensável, sem nunca ter voado.
Atualmente, Thor está embarcando em um novo desafio, chamado Projeto 773, que visa dividir o mundo em partes menores e torná-lo o dinamarquês que mais viajou na história.
Uma lição de perseverança e humanidade de Thor Pedersen
Para Thor, o aprendizado principal não está tanto na quilometragem que percorreu, mas nas relações que construiu. Ele acredita que qualquer um pode alcançar algo extraordinário se estiver disposto a lutar por seus sonhos.
Agora, junto com a esposa e uma filha pequena, ele continua viajando. Recentemente, fez uma road trip de 40 dias por 18 estados, percorrendo mais de 10.500 quilômetros.
Thor resume a experiência em poucas palavras: “Viajar é cruzar fronteiras, mas também abrir o coração. O mundo é enorme, mas as pessoas o tornam pequeno — e acolhedor.”



