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Google planeja cabos submarinos na Ilha do Natal, morada de caranguejos

No meio do Oceano Índico, a Ilha do Natal, um pequeno território australiano de 135 km², está vivendo um momento inusitado que une natureza e tecnologia. A ilha, famosa por abrigar cerca de 120 milhões de caranguejos-vermelhos, agora também está chamando a atenção do Google.

A gigante da tecnologia firmou um acordo com o Exército australiano para avançar na instalação de cabos submarinos. Esse projeto, conhecido como Australia Connect, escolheu a Ilha do Natal como um ponto estratégico para conectar Darwin, Singapura, Melbourne e Perth. Enquanto os caranguejos seguem seu caminho em direção ao mar, engenheiros e autoridades locais discutem maneiras de equilibrar as obras com a preservação do meio ambiente.

Por que o Google escolheu a Ilha do Natal?

De acordo com o Google, a posição estratégica da Ilha do Natal no Indo-Pacífico é essencial para expandir a conectividade digital na região. O novo cabo, chamado de Bosun, irá conectar a ilha a Darwin, e depois a Singapura. Curiosamente, o nome do cabo é uma homenagem ao rabiforcado-de-cauda-branca, uma ave símbolo da ilha.

Essa iniciativa de Australia Connect também pretende interligar o sistema Bosun a outras rotas de fibra óptica, como o Tabua, que já conecta Estados Unidos, Austrália e Fiji. Além disso, há planos para implantar uma rede terrestre de fibra entre Darwin e Sunshine Coast, ampliando ainda mais a infraestrutura de conectividade.

O principal objetivo é claro: melhorar a conectividade regional e diminuir a dependência de rotas que já estão sobrecarregadas. Ao trazer o projeto para a Ilha do Natal, o Google visa aumentar a segurança e a redundância da rede, fundamental para os serviços globais de nuvem, inteligência artificial e gestão de dados.

Caranguejos em marcha: o desafio natural da obra

Enquanto os planos do Google vão avançando, a natureza tem seu próprio ritmo. Todos os anos, de outubro a dezembro, mais de 100 milhões de caranguejos-vermelhos deixam as florestas para atravessar estradas, pedras e praias em direção ao oceano. Nos mares, as fêmeas liberam até 100 mil ovos. É um espetáculo impressionante, embora poucas crias consigam sobreviver até retornarem ao planalto.

Em 2023, a migração desse fenômeno apareceu mais cedo no calendário e deve atingir o auge entre 15 e 16 de novembro. Por conta disso, as autoridades locais já se prepararam, fechando estradas e criando rotas alternativas para proteger os crustáceos e minimizar o impacto da movimentação humana.

Esse cenário tem gerado discussões entre moradores e órgãos ambientais sobre como logo os caranguejos e os engenheiros do Google podem coexistir pacificamente.

Equilíbrio entre tecnologia e meio ambiente

Apesar do entusiasmo em ver a conectividade avançar, ambientalistas estão atentos aos possíveis impactos das obras de cabeamento no ecossistema da ilha. Mais de 60% da Ilha do Natal é coberta por florestas tropicais e parques nacionais, e cada intervenção precisa de estudos rigorosos e licenças ambientais.

O Google declarou que irá adotar medidas de precaução para garantir que a migração anual dos caranguejos não seja afetada pelas obras. Para a comunidade local, que conta com cerca de 1.500 habitantes, o projeto traz uma mistura de oportunidades econômicas e preocupações ecológicas.

Com a expectativa de que a nova infraestrutura digital gere mais empregos e melhore a conectividade, a comunidade também vive a incerteza sobre a preservação do equilíbrio que torna a Ilha do Natal um lugar tão especial no planeta.

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