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Desligamento do GPS no Brasil: impactos para usuários e empresas

A dependência do Brasil em relação ao sistema de GPS americano levanta questões sérias sobre a segurança e a autonomia do nosso país. Em um bate-papo no podcast IRONCAST, o divulgador científico Sergio Sacani trouxe à tona essa realidade que muitas vezes passa despercebida. Ele explicou que, embora todos nós conheçamos o GPS, o que muitos não sabem é que esse sistema é controlado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Isso quer dizer que praticamente toda a economia mundial está atrelada a esses satélites.

Vários sistemas pelo mundo

O GPS é apenas um dos vários sistemas de navegação por satélite que existem. Sacani explicou que vários países ou blocos de países desenvolveram suas próprias tecnologias. Por exemplo, a Europa utiliza o sistema Galileu, enquanto a Rússia tem o Glonass. Já o Japão, a China e a Índia também possuem seus sistemas específicos: o QZSS, o BeiDou e o NavIC, respectivamente. O que chama atenção, no entanto, é que o Brasil não tem um sistema próprio, dependendo grandemente do GPS americano.

Mesmo com a diversidade de sistemas, a realidade é que muitos países ainda, como o nosso, continuam dependendo do GPS dos EUA.

Economia refém da tecnologia

Sacani fez um alerta sobre nossa economia que já está profundamente ligada aos satélites. De forma simples, quase tudo que fazemos hoje em dia possui alguma conexão com o GPS. Para dar alguns exemplos práticos, a movimentação bancária é gerenciada através dessas tecnologias. A agricultura de precisão, que utiliza maquinaria automatizada e dados de localização, também depende totalmente dessa infraestrutura.

Até a mineração, que inclui equipamentos guiados por localizações satelitais, segue a mesma tendência. Sacani compartilhou dados que são preocupantes: 75% da mineração global utiliza GPS, enquanto impressionantes 99% da produção de petróleo depende dessa tecnologia. Para a agricultura, mais de 80% da produção mundial está vinculada a esses satélites. Isso mostra como setores fundamentais da economia — petróleo, agricultura e mineração — estão interligados ao funcionamento desses satélites. Se houver algum problema, seriamente, tudo isso é colocado em risco.

Um apagão que custaria bilhões

O especialista também calculou os prejuízos de uma eventual parada dos satélites. Ele mencionou que ficaria em torno de 275 bilhões de dólares em 30 dias sem GPS. Esse número deixa claro o quanto o mundo depende dessa tecnologia.

Além do impacto econômico, essa dependência também levanta questões sobre a soberania. O Brasil, por exemplo, precisaria estar atento a sua relação com os Estados Unidos, pois, em um momento de crise, poderia perder o acesso ao sistema.

Brasil sem sistema próprio

E aqui entra a preocupação de muitos especialistas. Sacani ressaltou que o Brasil precisa investir em um sistema próprio de satélites. Em meio a desafios nas áreas de saúde, segurança e educação, essa é uma questão que não pode ser ignorada. Ele argumenta que ser dependente de um país estrangeiro é arriscado. “Imagina se os Estados Unidos decidirem cortar o acesso ao GPS? Onde ficamos?”, ele questionou.

Além disso, mesmo que o uso do GPS pareça gratuito, não é. Quando você adquire um celular, por exemplo, parte desse valor vai para as empresas que mantêm os satélites. Ou seja, existe um custo embutido, mesmo que muitas vezes não percebamos.

Dependência silenciosa, mas perigosa

Por fim, Sacani enfatizou que essa dependência do GPS americano é mais crítica do que muitos pensam. A economia moderna, com suas conexões e automações, não consegue mais funcionar sem o suporte de satélites. Para se proteger de crises internacionais, o Brasil precisa considerar o desenvolvimento de sua própria rede de navegação espacial.

Enquanto isso não se concretiza, continuamos usando uma infraestrutura vital, que está sob o controle de outra nação. O cenário é confortável enquanto tudo está funcionando bem, mas pode se transformar em um grande problema em tempos de tensão política.

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