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A indústria do ‘cheirinho’ e seu mercado de R$100 bilhões

O ritual diário de tomar banho no Brasil vai muito além da higiene pessoal. Esse hábito, que faz parte da cultura brasileira, é fundamental para a força da chamada "indústria do cheirinho". Graças a essa valorização do frescor, o mercado de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) alcançou a impressionante marca de R$ 156,5 bilhões em 2023. Com isso, o Brasil se tornou o terceiro maior consumidor do mundo nesse segmento, só atrás de Estados Unidos e China.

As raízes desse costume estão profundamente ligadas à história do país. Nossos povos indígenas já praticavam banhos diários em rios, o que impressionou os colonizadores europeus, que tinham hábitos de higiene bem diferentes. Essa tradição, combinada com o calor tropical, fez com que o banho se tornasse uma necessidade de conforto e bem-estar.

No Brasil, estar limpo e cheiroso vai muito além do simples ato de se higienizar; é um verdadeiro símbolo de status social. O famoso ditado “sou pobre, mas sou limpinho” encapsula essa ideia. A busca pelo aroma agradável revelou-se uma forma de dignidade e respeito, gerando uma aversão ao famoso "CC" (cheiro de corpo). Assim, produtos como desodorantes e perfumes se tornaram essenciais para finalizar a rotina de cuidados pessoais.

As raízes culturais do hábito brasileiro

O Brasil tem uma intensa relação com o banho, que remete a uma herança ancestral. O costume de se manter limpo e bem cheiroso não é apenas sobre higiene; ele representa um capital social. As marcas que entendem essa conexão cultural se destacam, criando produtos que ressoam com o que os brasileiros valorizam.

O real tamanho do mercado de higiene pessoal no Brasil

Os números que costumam circular sobre o mercado estão ultrapassados. O setor de HPPC movimenta, na verdade, R$ 156,5 bilhões, segundo a Euromonitor International. Esse crescimento expressivo coloca o Brasil na terceira posição em um cenário global, e as projeções mostram que o faturamento pode ultrapassar R$ 230 bilhões até 2028.

Uma característica notável desse mercado é a forte presença de empresas nacionais. Marcas como Natura &Co e Grupo Boticário lideram o setor, conseguindo um sucesso notável ao traduzir o valor do “cheirinho” em seus produtos. Eles têm uma abordagem muito alinhada com a cultura local, utilizando estratégias como venda direta e franquias que criam uma relação mais íntima com os consumidores.

Os produtos essenciais no dia a dia do brasileiro

O consumo de produtos de higiene no Brasil é impulsionado por algumas categorias que são verdadeiros pilares:

  • Desodorantes: O Brasil é um dos maiores mercados para desodorantes, com um consumo médio de 7 vezes por semana. Cada pessoa adquire cerca de 13 unidades ao ano, movimentando um mercado que ultrapassa R$ 11 bilhões anuais.

  • Sabonetes: Essenciais para o banho, o formato em barra ainda é o mais popular no país, fazendo com que o segmento movimentasse aproximadamente R$ 7,4 bilhões por ano.

  • Fragrâncias: O perfume é considerado um toque final indispensável. O Brasil é o segundo maior consumidor de fragrâncias do mundo, e o aroma não é só um detalhe; ele solidifica a sensação de limpeza e é um dos fatores mais decisivos na hora da compra.

Como sustentabilidade e inovação moldam o hábito brasileiro de consumo

Nos últimos tempos, o perfil do consumidor brasileiro tem mudado. A instabilidade econômica fez com que as pessoas buscassem produtos que ofereçam bom custo-benefício. Entretanto, os pequenos luxos continuam presentes, e muitos veem os cosméticos como uma forma de autocuidado, adotando a mentalidade do "eu mereço".

Neste contexto, a sustentabilidade se tornou primordial. Produtos com ingredientes naturais, fórmulas veganas e embalagens recicláveis estão em alta. Os lares que adotam hábitos sustentáveis já respondem por 18,2% do faturamento no segmento de Higiene e Beleza no país.

Isso abre caminho para inovações, como os cosméticos em barra que eliminam o uso de plástico, economizando água e alinhando-se à consciência ambiental que cresce entre os brasileiros. Além disso, a tecnologia, com a aplicação de inteligência artificial e realidade aumentada, vem transformando o setor, permitindo o desenvolvimento de produtos cada vez mais personalizados e eficazes.

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