Notícias

A história do bilionário anônimo e seu intrigante apelido

No mundo das finanças brasileiras, Luiz Alves Paes de Barros é um nome conhecido, mas não exatamente por querer aparecer. Apelidado de “bilionário anônimo”, sua fama vem da sua maneira discreta de acumular riqueza, longe dos holofotes. Essa figura intrigante nos ajuda a entender a complexidade da filantropia de elite no Brasil: quem são os doadores, o que os motiva e quais os desafios para a generosidade no país.

O perfil de Luiz Alves Paes de Barros, o “bilionário anônimo”

Luiz Alves Paes de Barros, ou LAPB, nasceu em 1948 em uma família ligada ao setor açucareiro. Ele passou por dificuldades quando parte da fortuna familiar foi perdida, o que influenciou sua mentalidade frugal. Começou a investir em ações aos 16 anos, sempre mantendo um perfil discreto.

Sua riqueza se formou através de um estilo de investimento conhecido como “value investing”, que envolve adquirir ativos de empresas sólidas em momentos de baixa. Ele acredita que é nessas horas que se deve comprar: “Eu amo quando as coisas ficam ruins. Quando está ruim, eu compro.” Essa filosofia, juntamente com uma vida sem luxos, moldou sua imagem de “pão-duro”, aumentando sua notoriedade por meio da criação cuidadosa de riqueza, em vez de doações em larga escala.

De onde vem a cifra de R$ 15 bilhões?

Uma cifra que tem se destacado nas discussões sobre finanças no Brasil é R$ 15 bilhões. É bom destacar que esse valor não está relacionado ao patrimônio ou à filantropia de Luiz Alves, mas surge em conversas sobre as finanças públicas do Brasil. O Ministro da Fazenda tem mencionado essa quantia em referência aos cortes no orçamento federal e às verbas parlamentares.

O verdadeiro cenário da filantropia de elite no Brasil

Quando se fala da generosidade dos mais ricos, a realidade é cheia de contrastes. Existe um descompasso grande entre o que a elite brasileira poderia doar e o que realmente é doado. Pesquisas mostram que o potencial de doação chega a R$ 28 bilhões anuais, mas o total destinado à filantropia é bem menor, cerca de R$ 4,8 bilhões.

Entretanto, há pessoas como Elie Horn, fundador da Cyrela, que estão tentando mudar esse panorama. Ele foi o primeiro brasileiro a fazer parte do The Giving Pledge, se comprometendo a dar 60% de sua fortuna ainda em vida, com esperança de inspirar outros. Além disso, a pandemia de COVID-19 trouxe um momento inesperado de solidariedade. Foram levantados mais de R$ 5,6 bilhões em doações para ajudar a enfrentar a crise, e muitos empresários, que tradicionalmente evitavam se expor, decidiram tornar suas contribuições conhecidas.

As barreiras estruturais para a doação no país

A maneira como a filantropia funciona no Brasil não se deve apenas à vontade de ajudar, mas também a fatores estruturais, incluindo a cultura e o sistema tributário. A generosidade aqui muitas vezes é mais reativa, acontecendo em momentos de crise, do que pautada por um planejamento a longo prazo.

Um dos grandes entraves à doação é justamente o sistema tributário. No Brasil, as vantagens fiscais para doadores são limitadas, especialmente para pessoas físicas. Um ponto crítico é a falta de incentivos no Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) para doações a organizações da sociedade civil, o que contrasta com países como os Estados Unidos, onde as deduções fiscais favorecem doações em grande escala.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo