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Três irmãos idênticos adotados por famílias diferentes em mistério

Três irmãos idênticos nasceram em julho de 1961, em um subúrbio de Nova York, e foram separados ainda bebês. Adotados por famílias diferentes, eles cresceram sem ter ideia da existência uns dos outros. Essa história chegou a ganhar notoriedade, mas suas respostas completas só serão reveladas em 2065, quando documentos confidenciais sobre o estudo que os envolveu forem finalmente acessíveis ao público.

A trama começou a se desenrolar em 1980, quando Robert “Bobby” Shafran, então com 19 anos, chegou ao Sullivan Community College. Ao entrar, ele foi recebido por colegas que o confundiram com um conhecido chamado Eddie. A semelhança era tão impressionante que um amigo de Eddie, Michael, logo perguntou a Bobby se ele era adotado e se o aniversário dele era 12 de julho de 1961. Quando a coincidência foi confirmada, Bobby e Michael buscaram Eddie, iniciando uma série de descobertas que mudariam suas vidas.

O reencontro entre Bobby e Eddie foi tão marcante que Bobby descreveu como “esquisito e fantástico”. Os irmãos logo perceberam que até mesmo pequenos detalhes em suas vidas, como problemas nos lábios no inverno, eram idênticos. A história chamou a atenção da mídia, levando David Kellman, o terceiro irmão, a se identificar ao ver as fotos dos dois na imprensa. Logo, os três estavam juntos.

Depois de se reencontrarem, os irmãos tornaram-se uma espécie de celebridades, fazendo aparições em programas de TV e dando entrevistas. Decidiram morar juntos e até abrir um restaurante chamado Triplets, em homenagem ao laço recém-descoberto. No entanto, a convivência acabou revelando diferenças de personalidade que geraram conflitos. Com o tempo, Bobby se afastou do restaurante, e a saúde emocional de Eddie deteriorou, levando à sua morte em 1995 devido a uma depressão.

Após a mudança em suas vidas, os pais adotivos correram em busca de respostas sobre a separação dos irmãos junto à agência de adoção responsável. A justificativa dada foi que seria complicado encontrar famílias dispostas a adotar três irmãos de uma só vez. Contudo, posteriormente, descobriram que essa separação fazia parte de um estudo científico conduzido pelo psicanalista austríaco Peter Neubauer. O objetivo do experimento era avaliar como o ambiente e a genética afetam o desenvolvimento humano.

Enquanto cresciam, Bobby e David relataram que sua infância foi acompanhada por pesquisadores que faziam testes e filmavam suas interações, tudo sem que soubessem o real motivo das visitas. Essas avaliações continuaram até que completassem dez anos, e mesmo quando questionados, nunca recebeu explicações concretas sobre o que realmente estava acontecendo.

Anos mais tarde, o jornalista Lawrence Wright revelou detalhes do experimento. Ele encontrou referências sobre o estudo secreto que analisava o impacto da genética e do ambiente na formação dos indivíduos, mas os dados coletados nunca foram publicados. Os arquivos desse estudo estão guardados na Universidade Yale e só serão liberados em 2065, o que impede que os irmãos e o público conheçam o verdadeiro impacto do experimento.

Os irmãos relataram comportamentos similares na infância, como episódios de agressividade e bater a cabeça no berço, que, posteriormente, foram interpretados como possíveis sinais de ansiedade de separação. O caso levanta importantes questões éticas sobre os limites da pesquisa científica e os direitos das crianças adotadas. Bobby e David esperam, ao menos, que as informações coletadas no estudo possam trazer benefícios no futuro.

Em 2019, a história ganhou um novo destaque com o documentário “Three Identical Strangers”, que reconstituiu a trajetória dos irmãos, além de suscitar debates sobre ética e identidade. Apesar da cobertura da mídia e dos desdobramentos do documentário, muitos detalhes ainda permanecem desconhecidos, e o acesso aos documentos, previsto para 2065, pode finalmente esclarecer os mistérios que cercam a vida dos irmãos e o verdadeiro propósito do estudo.

O caso nos faz refletir: até que ponto é aceitável submeter pessoas a experimentos científicos em nome do avanço do conhecimento?

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