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Aumento de tarifas pode encarecer produtos nos EUA até 2025

Na quarta-feira, 30 de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma nova medida que institui uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entrarem no país a partir do dia 6 de agosto. Essa decisão gerou expectativa e preocupação em diversos setores do comércio exterior.

A nova tarifa vem acompanhada de uma lista de quase 700 itens isentos, o que trouxe algum alívio para setores como suco de laranja e fabricação de aeronaves. Estima-se que, considerando as exportações brasileiras para os EUA em 2024, esses produtos isentos representem aproximadamente 43,4% do total. No entanto, cerca de 3,8 mil itens ainda estarão sujeitos à nova sobretaxa, incluindo produtos essenciais como café e açúcar orgânico.

As indústrias afetadas, especialmente aquelas que exportam para o mercado americano, estão preocupadas com potenciais perdas financeiras, já que a tarifa pode inviabilizar a exportação de vários produtos. Para o consumidor americano, o impacto da tarifa deve ser percebido nos próximos meses, com os especialistas sugerindo que a taxação pode frear as importações do Brasil. Isso poderá levar os EUA a aumentar a produção interna ou buscar fornecedores alternativos. Em um cenário em que a oferta interna diminui sem uma redução correspondente na demanda, um aumento nos preços pode ser uma consequência inevitável.

Conforme uma análise de uma instituição de pesquisa, as tarifas podem resultar em um aumento da inflação nos EUA de cerca de 1,8% no curto prazo, o que equivale a uma perda de aproximadamente US$ 2.400 (cerca de R$ 13,4 mil) por domicílio até 2025.

A análise também revelou quais produtos poderão sofrer aumentos e como isso afetará o cotidiano dos consumidores. Dentre os produtos destacados está o café, sendo os EUA o maior consumidor mundial da bebida. O Brasil, que fornece cerca de um terço do café importado pelos americanos, pode enfrentar dificuldades para encontrar substitutos adequados, uma vez que a Colômbia, segundo maior fornecedor, tem tarifas bem mais baixas, mas não possui capacidade suficiente para atender a uma demanda maior.

No setor de frutas, o Brasil é o quarto maior fornecedor de mangas e goiabas para os EUA, com um volume significativo de exportação. Porém, produtores brasileiros já relataram cancelamentos de pedidos devido à tarifa. Isso pode resultar em escassez dos produtos nos supermercados americanos e, consequentemente, um aumento de preços.

Outro produto que pode ser afetado é a carne, onde o Brasil é o maior exportador mundial. Os EUA são o segundo maior mercado para essa carne, atrás apenas da China, e uma tarifa de 50% pode fazer com que as vendas para os EUA se tornem inviáveis. A expectativa de aumento nos preços da carne bovina é de cerca de 1,1%.

O açúcar orgânico também é significativo, já que o Brasil responde por quase metade do que os EUA importam. O aumento dos preços pode impactar uma variedade de produtos alimentícios, como iogurtes e sorvetes, que utilizam açúcar orgânico em sua produção.

Além disso, a indústria de chocolate, que depende da manteiga de cacau brasileira, também pode sofrer com aumentos, já que os EUA produzem pouco cacau. O aumento dos preços do chocolate globalmente, devido a condições climáticas adversas, já é uma realidade.

Por fim, a indústria automotiva também deve sentir os efeitos da nova tarifa, especialmente em relação a produtos metálicos exportados pelo Brasil, como aço e nióbio. O aumento dos custos pode impactar o preço dos veículos e de produtos que utilizam esses materiais.

Com isso, a nova tarifa estabelecida por Trump pode ter impacto significativo não só nas exportações brasileiras, mas também na econômica e no bolso do consumidor americano. O verdadeiro efeito dessa medida, contudo, será mais claro com o passar do tempo, conforme as indústrias e o mercado se adaptarem às novas condições.

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