NYT corrige informação sobre foto de criança em Gaza

Nesta terça-feira, o jornal americano The New York Times apresentou uma resposta após receber críticas pela publicação de uma foto impactante de um bebê de aproximadamente 1 ano e meio com desnutrição severa na Faixa de Gaza.
O bebê, Mohammed Zakaria al-Mutawaq, e sua mãe, Hedaya al-Mutawaq, foram forçados a deixar sua casa no norte da Gaza devido ao conflito entre Israel e grupos armados. A imagem que mostra a mãe segurando o filho, que aparece com os ossos à mostra, tomou proporções e se tornou um símbolo da grave crise alimentar na região.
Após a imagem se espalhar nas redes sociais, o New York Times atualizou a reportagem, informando que o bebê já enfrentava problemas de saúde pré-existentes que afetam seu desenvolvimento físico e mental. A saúde de Mohammed deteriorou-se ainda mais devido à escassez de alimentos e medicamentos causada pelo bloqueio imposto por Israel.
A nota divulgada pelo jornal destacou o foco na vulnerabilidade das crianças em Gaza, ressaltando a condição crítica de Mohammed e incluindo novas informações médicas obtidas após a primeira publicação. A resposta do jornal reiterou que, atualmente, muitas crianças na região estão enfrentando desnutrição e fome, e que suas equipes continuam a relatar os desafios e a violência enfrentados pela população local.
A fotografia de Mohammed foi também reproduzida por outras publicações, como a Folha, que atualizou sua própria matéria para informar que o bebê tinha hipotonia, ou falta de tônus muscular. Apesar das limitações, Hedaya dava sessões de fisioterapia ao filho. Contudo, a falta de alimentos dificultou ainda mais o seu desenvolvimento, fazendo com que ele não conseguisse ficar em pé ou sentado.
A cobertura da situação em Gaza enfrenta desafios, pois a segurança dos jornalistas é um tema sério. Organizações de notícias, incluindo a BBC, divulgaram um comunicado conjunto alertando que locais palestinos funcionários enfrentam riscos de vida devido às condições de fome. Os veículos de comunicação pedem acesso seguro e irrestrito para que possam relatar os acontecimentos na região.
Imagens de crianças em estado crítico em busca de alimentos vêm sendo amplamente compartilhadas, aumentando a pressão internacional sobre Israel. Em resposta à situação humanitária, o governo israelense anunciou, no último domingo, a flexibilização de algumas restrições à distribuição de alimentos na Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, negou a alegação de que a situação em Gaza seja de fome, qualificando-a como uma “mentira descarada”. Ele afirmou que não existe uma política de fome na região e argumentou que seu governo permitiu a entrada de ajuda humanitária conforme exigido pelo direito internacional.
Até mesmo autoridades dos Estados Unidos, tradicionalmente aliadas de Israel, questionaram essa narrativa. O ex-presidente Donald Trump, em declarações recentes, expressou preocupação com a situação das crianças em Gaza, indicando que as evidências visuais não são convincentes em relação à negação do governo israelense sobre a fome.
Netanyahu também acusou o grupo Hamas de desvio de suprimentos, uma alegação que o movimento nega. Um relatório da Usaid, agência de ajuda americana, indicou que não há evidências de que haja um roubo sistemático de alimentos por parte do Hamas.
Recentemente, Israel compartilhou imagens de um homem desnutrido, afirmando que sua morte não foi causada por falta de alimentos, mas sim por complicações de saúde relacionadas a diabetes. O número de mortes por desnutrição na Gaza permanece incerto e é contestado, com dados sendo especialmente fornecidos pelo Ministério da Saúde local, sob controle do Hamas.
Esse ministério afirma que dezenas de pessoas perderam a vida devido à desnutrição nas últimas semanas. Desde o início do conflito, foram registrados 127 óbitos relacionados a essa condição, incluindo 85 crianças. A situação trágica continua a ser um tema delicado e de intensa atenção internacional.