A regra de deixar corpos na escalada do Monte Everest

Desafios e Perigos na Escalada do Monte Everest
O Monte Everest, com 8.849 metros, é o pico mais alto do mundo e atrai alpinistas de várias partes do planeta. Apesar de ser uma grande aventura, a escalada é extremamente perigosa, e a cada ano, muitos enfrentam riscos significativos, com algumas pessoas perdendo suas vidas no caminho.
Estima-se que mais de 330 pessoas já faleceram tentando alcançar o Everest, de acordo com dados de um banco de dados do Himalaia. Somente cerca de 200 corpos permanecem congelados na montanha, em grande parte devido à complexidade dos resgates em um ambiente tão hostil. Um dos casos mais conhecidos é o corpo de Tsewang Paljor, apelidado de "Botas Verdes", que se tornou um ponto de referência para os alpinistas após sua morte em 1996.
Bonita Norris, uma alpinista britânica que conquistou o Everest em 2010, também encarou de perto o perigo da montanha. Em sua escalada, ela foi resgatada em estado crítico, congelada e quase sem consciência. Após sua experiência, Norris compartilhou reflexões sobre os desafios e sobre uma regra não escrita entre os alpinistas, que envolve a difícil decisão de deixar os mortos para trás.
Bonita relembra em entrevistas que nunca teve interesse em escalar montanhas até pouco tempo antes de sua famosa expedição. A decisão de escalar o Everest surgiu após assistir a uma palestra de dois montanhistas. A partir desse momento, ela se dedicou a escaladas mais simples, como no Monte Snowdon, em Gales, antes de encarar o Everest.
Norris explicou que, durante suas atividades como montanhista, já encontrou várias vezes vítimas fatais em diferentes montanhas. Ela destaca que, ao escalar acima de 7 mil metros, os alpinistas entram na “zona da morte”, onde a baixa quantidade de oxigênio torna a sobrevivência extremamente complicada. Essa condição traz um grande risco de problemas de saúde, como ataques cardíacos ou derrames.
O médico Jeremy Windsor, que escalou o Everest em 2007, então, comentou que na zona da morte, os alpinistas precisam sobreviver com apenas um quarto do oxigênio que teriam ao nível do mar. Bonita reforça a ideia de que, como montanhistas, existe um código tácito que prioriza a segurança, evitando arriscar a vida de outros em resgates.
"Diariamente na montanha, tudo é intensamente real — cada dia é uma questão de vida ou morte", conta Bonita. Ao enfrentar os riscos da escalada, os alpinistas são constantemente lembrados da fragilidade da vida e da importância de voltar para casa em segurança, ressaltando que o principal objetivo deve ser a segurança, e não apenas alcançar o topo.
“Esses momentos difíceis fazem você reavaliar suas expectativas. O meu maior desejo é voltar para minha família”, conclui Bonita, refletindo sobre o lado triste e complexo do montanhismo.