O maior estádio do mundo em 1950 era brasileiro com 183 mil lugares

O ano de 1950 foi marcante para o Brasil, não apenas pelo retorno da Copa do Mundo após a Segunda Guerra, mas também pela inauguração de um ícone do esporte: o Estádio Municipal, mais conhecido como Maracanã. Com o Brasil como país-sede, a construção desse estádio foi um projeto grandioso, buscando estabelecer um símbolo de modernidade e, sem dúvida, se tornar o maior estádio do mundo da época. A urgência e a monumentalidade da obra, que contou com 2.000 funcionários, fez com que o estádio fosse inaugurado — ainda incompleto — em 16 de junho de 1950. Essa determinação mostrava a vontade do país de ter uma estrutura que estivesse à altura de sua ambição no cenário global.
O objetivo de criar o maior estádio do mundo era claro: superar o recorde mundial. O projeto inicial do Maracanã contemplava uma capacidade para 155.000 torcedores, um número impressionante à época. Porém, a realidade foi ainda mais surpreendente. A estrutura permitiu que o estádio acumulara um público muito superior ao previsto, fazendo o Maracanã se consolidar como um verdadeiro gigante.
A lógica do gigantismo: por que o Brasil precisava superar a Escócia
Antes do Maracanã, o título de maior estádio do mundo pertencia ao Hampden Park, em Glasgow, na Escócia. Inaugurado em 1903, esse estádio alcançou sua capacidade máxima em 1937, com impressionantes 183.724 lugares. Esse número não apenas estabeleceu um recorde britânico e europeu, mas também se tornou a meta que o Brasil precisava ultrapassar. O projeto do Maracanã era, de certa forma, uma missão de monumentalidade.
Na Copa do Mundo de 1950, o Maracanã se mostrou à altura do desafio. Durante a famosa partida conhecida como Maracanazo, o público registrado foi de 173.850 pessoas, com estimativas não oficiais apontando um total de mais de 200.000 espectadores. Esse público não apenas superou o recorde do Hampden Park, mas reafirmou o Maracanã como o novo e distinto maior estádio do mundo.
A arquitetura da massa: o fator sociocultural de 200 mil pessoas
Quem eram as milhares de pessoas que lotavam o antigo Maracanã? O segredo estava na arquibancada popular chamada Geral. Diferente de setores com assentos, a Geral permitia que os torcedores ficassem em pé, muitas vezes muito próximos ao campo. Essa configuração facilitava o acesso de uma população mais ampla, contribuindo para a identidade social do estádio. A lotação máxima não dependia do conforto individual, mas da capacidade de aglomerar massas, tornando o Maracanã um espaço verdadeiramente catártico e popular.
Um marco relevante foi registrado em 31 de agosto de 1969, durante um jogo entre Brasil e Paraguai. O estádio recebeu 183.341 pagantes — um número que, apesar de estar apenas contando os pagantes, provou que a capacidade do Maracanã realmente superava a do Hampden Park. A grandeza do Maracanã elevou o conceito de capacidade a um novo nível, solidificando seu status na história do futebol mundial.
A era da redução: por que a capacidade de 155 mil não existe mais
Entretanto, o legado do maior estádio do mundo não durou para sempre. O Maracanã passou por um processo de redução de capacidade, mudando de um “monumento” de concreto para uma “arena” moderna. Essa transformação foi impulsionada por normas da FIFA e regulamentos internacionais de segurança, que passaram a exigir assentos individuais numerados, resultando no fechamento de áreas como a icônica Geral.
A primeira grande redução foi para os Jogos Pan-Americanos de 2007, onde a capacidade caiu para cerca de 87.000 lugares. A maior mudança, no entanto, ocorreu durante a reforma para a Copa do Mundo de 2014, que reduziu a capacidade para aproximadamente 78.838 assentos. Essa diminuição ilustra os custos de se adaptar às normas de segurança, priorizando o conforto em vez da capacidade massiva.
Hoje, o Maracanã é uma arena moderna, mas seu histórico de capacidade recorde segue sendo um testemunho daquele tempo de grandiosidade. Seu espetáculo de superação na década de 1950 se reflete na memória coletiva como um dos períodos mais icônicos do futebol brasileiro.



