Conheça o Cocoroco, a bebida mais forte do mundo com 96% de álcool

O Cocoroco, uma aguardente boliviana, é uma bebida que impressiona pela sua intensidade. Com surpreendentes 96% de teor alcoólico, ela entra para o seleto grupo das bebidas mais fortes do mundo. Mais do que um simples destilado, o Cocoroco carrega consigo a cultura e a tradição andina, sendo uma parte fundamental da identidade do povo boliviano.
Uma bebida nascida no coração dos Andes
Produzido por gerações nas regiões do altiplano boliviano, o Cocoroco tem suas raízes nas comunidades aymaras e quechuas. Seu método de produção artesanal, que utiliza a cana-de-açúcar, é passado de pai para filho, mostrando a criatividade e resiliência dessas comunidades, mesmo em condições adversas.
Ao contrário das bebidas industrializadas, o Cocoroco é feito em pequenas destilarias familiares, utilizando equipamentos simples e técnicas tradicionais. Isso resulta em uma bebida de pureza altíssima, refletindo seu teor alcoólico quase puro. Ele é comercializado em latas ou garrafas reutilizadas, sem rótulos sofisticados, o que reforça seu caráter popular.
Uma potência que assusta o mundo e fascina turistas
Com esse impressionante teor alcoólico, o Cocoroco ocupa um lugar de destaque nas listas de bebidas mais potentes do planeta. Para efeito de comparação, um whisky comum tem cerca de 40% de álcool, enquanto o famoso absinto europeu dificilmente chega a 70%.
Essa força faz com que o Cocoroco atraia a atenção de turistas e colecionadores que visitam a Bolívia. Para muitos, testar essa bebida é um verdadeiro “rito de coragem”, ainda que até os mais veteranos alertem que o consumo excessivo pode ser perigoso ou até fatal. O uso da bebida geralmente é mais simbólico do que recreativo, e muitos bolivianos a utilizam como base para coquetéis ou misturada com sucos e chás de ervas, suavizando seu impacto.
Médicos e autoridades de saúde na Bolívia têm reforçado a necessidade de moderação, pois uma dose excessiva pode causar intoxicação grave e até risco de coma alcoólico.
Um patrimônio cultural e um desafio à regulamentação
Apesar de seu alto teor alcoólico, o Cocoroco é considerado um verdadeiro patrimônio nacional pelos bolivianos. Ele é um símbolo da cultura local, mostrando como as comunidades transformaram a cana-de-açúcar em algo valioso. A produção artesanal não só provê sustento, mas também é uma forma de resistência cultural frente à modernização.
No entanto, essa mesma bebida enfrenta desafios fora da Bolívia. Em países vizinhos, como Chile, Argentina e Brasil, a produção e o consumo de bebidas com mais de 60% de teor alcoólico são proibidos, o que torna o Cocoroco um produto restrito e, em muitos casos, alvo de contrabando nas fronteiras.
Esse comércio informal revela como as tradições locais podem desafiar as barreiras das leis contemporâneas. Dentro da Bolívia, o Cocoroco continua a ser produzido legalmente, e algumas marcas conseguiram registrar e exportar a bebida, valorizando seu nome e suas características.
Entre o perigo e o respeito: o legado do Cocoroco
Mais do que uma bebida, o Cocoroco é um reflexo de uma cultura que mescla devoção, tradição e risco. Sua presença em festas e cerimônias andinas simboliza a união da comunidade, enquanto seu teor extremo serve como um lembrete de que a linha entre celebração e perigo é muito fina.
Para os bolivianos, o Cocoroco não é apenas uma bebida; é parte da história viva de um povo que aprendeu a aproveitar o que tem de forma inovadora, criando algo que perdura por séculos. E assim, mesmo com a estranheza do resto do mundo, o Cocoroco continua a ser um símbolo da luta e da resistência das comunidades andinas.



