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Brasil se torna o 5º maior mercado de apostas do mundo

O Brasil agora é o quinto maior mercado de apostas esportivas do mundo, movimentando cerca de US$ 4,1 bilhões (ou R$ 22 bilhões) até 2025, segundo projeções de consultorias. Isso marca uma evolução impressionante, visto que o setor, há pouco tempo, operava de forma completamente não regulamentada. Hoje, só perde para países como Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Rússia.

Esse crescimento acelerado pode ser atribuído a várias razões, como a popularização do Pix, uma alta taxa de bancarização e a nossa paixão pelo futebol, que realmente fez o interesse nas apostas online disparar.

A jornada de crescimento: da legalização à consolidação

As apostas esportivas ganharam respaldo legal em 2018, mas a regulamentação efetiva chegou apenas em 2024. Durante esse período, as plataformas operaram em um “limbo” jurídico, o que gerou um crescimento descontrolado no setor. Segundo o economista Victo Silva, da Harvard Kennedy School, o Brasil se tornou um “laboratório” onde as empresas usaram estratégias de marketing arrojadas para conquistar apostadores.

“Com apenas um celular na mão, o apostador pode fazer tudo do sofá de casa”, explica Silva. Em 2014, o mercado era avaliado em US$ 300 milhões. Mas, com a pandemia e o isolamento social, o interesse por apostas online cresceu consideravelmente, acelerando o avanço do setor.

Pix e tecnologia: os motores do crescimento

O Pix foi um verdadeiro divisor de águas no mundo das apostas. Ele tornou o processo de apostar muito mais rápido e seguro, eliminando a necessidade de intermediários. Segundo Antonio Forjaz, diretor da Entain, que possui a Sportingbet, o Brasil tem um ambiente digital muito favorável e um alto índice de pessoas com conta bancária. “Aqui tudo é Pix. O que é instantâneo, as pessoas estão aproveitando”, afirma.

André Gelfi, presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), destaca que o brasileiro já é muito receptivo à tecnologia: “A indústria de apostas é totalmente digitalizada e o público está cada vez mais adaptado a isso.”

Futebol e marketing: a dobradinha milionária das bets

O futebol é a cara do Brasil, e nada ilustra melhor essa relação com as apostas do que as marcas que estão nas camisas dos clubes. Atualmente, 18 dos 20 clubes da Série A têm suas camisas estampadas com nomes de operadoras de apostas. As maiores parcerias somam mais de R$ 500 milhões, com destaque para o Flamengo, que recebe R$ 220 milhões da Betano.

Essa presença massiva vai além dos estádios; as marcas estão em carnavais, redes sociais e até ônibus, tornando o ato de apostar algo bem próximo do dia a dia. Essa visibilidade, segundo Victo Silva, ajudou a desmistificar as apostas, principalmente entre os jovens.

Desafios e críticas: o risco da “betização” da renda

Embora o setor tenha crescido, não faltam preocupações. Silva alerta para a “betização da renda das famílias”, onde uma parte da renda é desviado para apostas. Uma análise do Banco Central mostrou que cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família transferiram dinheiro para sites de apostas usando o Pix. Como resposta, o Supremo Tribunal Federal (STF) está impondo restrições ao uso de recursos de programas sociais para esse fim.

“Assim como o cigarro, as apostas podem ser tentadoras e deveriam ser desincentivadas”, alerta Silva. A regulamentação em vigor já proíbe publicidade voltada para menores de idade, e um projeto de lei no Congresso busca endurecer essas restrições, incluindo proibições de propagandas com influenciadores e atletas.

O debate sobre o futuro das apostas no país

Com esse cenário, surgem muitas opiniões. Alguns defendem regras mais rígidas, enquanto representantes do setor argumentam que a publicidade é fundamental para combater o mercado clandestino. “No ambiente ilegal não há controle nem proteção para o apostador”, diz Forjaz.

Gelfi, do IBJR, ressalta a necessidade de comunicação: “Ainda existem muitos apostadores no mercado irregular. Trazê-los para as empresas licenciadas é essencial.”

Diante dessas discussões, o que é certo é que o Brasil conseguiu um reconhecimento significativo no cenário global das apostas. Em um país que ama futebol e é cada vez mais digital, as apostas se tornaram um fenômeno econômico e cultural. A grande questão agora é como equilibrar esse crescimento rápido com a responsabilidade social.

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