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Fraude de R$ 400 mil em concurso resulta em prisão pela PF

Uma recente operação da Polícia Federal trouxe à tona um esquema impressionante de fraude no CNU, o Concurso Nacional Unificado. Essa fraude envolvia a venda de gabaritos e um grupo familiar criminoso. Um dos casos mais chocantes mencionados no inquérito revela que uma mulher pagou R$ 400 mil para garantir uma vaga de auditora fiscal, uma das posições mais desejadas do concurso.

As investigações indicam que essa candidata, que trabalhava como agente penitenciária em São Paulo, teve a quantia alta levantada pela própria família. Para isso, chegaram a vender bens pessoais. O que chamou a atenção dos investigadores foi a semelhança das provas entre candidatos, que sugere uma estrutura organizada de corrupção e vazamento de informações clandestinas, especialmente em um concurso que o governo prometia ser a “versão Enem dos concursos”.

Esquema de fraude no CNU e atuação da quadrilha

A quadrilha, comandada por um ex-policial militar e tio da candidata, já era conhecida das autoridades por um histórico de crimes que incluíam fraudes, corrupção e até homicídios. Neste caso, a PF tenta descobrir como essas pessoas tiveram acesso antecipado aos gabaritos oficiais das provas, que eram vendidos por valores altíssimos.

Investigadores revelaram que os criminosos ofereciam o conteúdo das provas antes da data do exame, com preços que variavam entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, dependendo do cargo. Em Patos, Pernambuco, foram encontrados pelo menos dez gabaritos idênticos, algo que seria estatisticamente impossível acontecer por pura coincidência.

Método de operação: gabaritos, professores e “clientes” do esquema

O funcionamento da quadrilha era bastante elaborado. Eles contavam com “professores especialistas” que resolviam rapidamente questões das provas obtidas ilegalmente. Esses gabaritos eram então entregues a um número limitado de candidatos. Em algumas situações, membros da quadrilha se faziam passar por candidatos durante as provas.

Esse método de operação, que já foi observado em outras fraudes, exigia uma logística e comunicação eficientes para evitar a fiscalização. O CNU, por sua abrangência, acabou virando um alvo perfeito para esse crime organizado.

O perfil da candidata e os detalhes inusitados da investigação

A mulher flagrada pela PF almejava uma vaga de auditora fiscal do trabalho, com um salário inicial que pode chegar a R$ 22 mil mensais. Após conseguir o gabarito fraudado, ela começou a participar de um curso de formação em Brasília e chegou a trocar mensagens com seu pai, que também é servidor público, para discutir a compra de anabolizantes.

O caso ganhou notoriedade pela combinação de fatores inesperados: a candidata parecia não ter lido o edital completo e ficou assustada ao descobrir etapas que nem imaginava. Para se garantir, a quadrilha providenciou uma apostila de 600 páginas para ajudá-la nos exames. As conversas interceptadas pela PF mostraram que ela confiava demais na proteção do grupo e agia com grande descuido.

Contexto do CNU e impacto institucional da fraude

O CNU foi criado com o intuito de centralizar os concursos públicos federais, prometendo modernizar e tornar mais eficiente o acesso ao serviço público. A ideia era permitir que os candidatos se inscrevessem em várias oportunidades ao mesmo tempo.

Contudo, essa fraude fragiliza a credibilidade do sistema unificado. As autoridades reconhecem que esse episódio pode minar a confiança da população no modelo, especialmente considerando a mobilização em larga escala para a realização das provas.

Fraudes recorrentes e risco de novas manipulações

Embora esta investigação aborde a primeira fase do CNU de 2024, há preocupações de que outros grupos tenham tentado imitar esse esquema em futuras edições. A PF, que mantém parte das informações em sigilo para não comprometer as operações, já confirmou a participação de policiais civis e servidores públicos que ajudaram a perpetrar o esquema.

Os investigadores afirmam que a complexidade da fraude exigirá uma revisão das medidas de segurança nas próximas provas. Isso pode incluir um controle mais rigoroso no acesso a materiais e um monitoramento eletrônico mais eficiente. Caso não haja ações rápidas, o CNU poderá enfrentar o mesmo descrédito público que atingiu outros concursos nacionais no passado.

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