Casal encontra pedra misteriosa que liga a museu italiano

Moradores de Nova Orleans fizeram uma descoberta inusitada ao limpar o quintal de casa: uma lápide romana de cerca de 1.900 anos. A peça, feita de mármore e com inscrição em latim, foi identificada como a lápide de Sexto Congênio Vero, datada do século II d.C.. O achado chamou a atenção de especialistas porque coincide com um objeto que estava desaparecido do Museu Arqueológico de Civitavecchia, na Itália, desde a Segunda Guerra Mundial.
Logo depois da descoberta, que aconteceu em março de 2025, arqueólogos das universidades de Tulane e Innsbruck se mobilizaram para confirmar a autenticidade da peça. O FBI também entrou na jogada, através da sua equipe dedicada a crimes de arte, e ficou responsável pelo processo de repatriação. A lápide passou por uma série de análises e checagens, e o caso virou uma verdadeira operação internacional.
Achado doméstico se transforma em questão internacional de patrimônio
A descoberta da lápide aconteceu quando Daniella Santoro e seu marido Aaron Lorenz estavam limpando o quintal. Eles encontraram uma tábua de pedra, e ao perceberem a inscrição, decidiram acionaram o arqueólogo D. Ryan Gray. Com a ajuda de especialistas, o texto foi traduzido e comprovou-se que se referia a um marinheiro romano. Com isso, começaram os esforços para devolver a peça à sua terra natal.
A colaboração não parou por aí. O Preservation Resource Center of New Orleans, por exemplo, ajudou a fazer a conexão entre a pedra e as informações obtidas dos arqueólogos. As investigações levadas a cabo por especialistas confirmaram a origem italiana da peça, que foi oficialmente entregue ao FBI para iniciar a devolução.
História da lápide e suas conexões com a Segunda Guerra Mundial
Civitavecchia, que fica perto de Roma, sofreu bombardeios durante a guerra, e muitos itens do museu local se perderam nessa época. Documentos históricos posteriores revelaram que a lápide de Sexto Congênio Vero estava na lista de peças desaparecidas. Acredita-se que o artefato foi levado da Itália durante os conflitos e acabou nos Estados Unidos ao longo das décadas.
O envolvimento do FBI Art Crime Team garante que a repatriação siga as diretrizes de cooperação internacional para bens culturais. A história dessa lápide, que data do século II, ganha ainda mais relevância com a confirmação de sua origem e a ligação com a história da guerra.
A origem da lápide e a conexão familiar
Em uma reportagem de 10 de outubro de 2025, o jornal The Guardian revelou que a lápide pertencia a Charles Paddock Jr., um soldado que serviu na Itália durante a Segunda Guerra. Sua neta, Erin Scott O’Brien, contou que a lápide ficou exposta na casa de seu avô até 1986 e, depois, passou a ser usada como um ornamento no jardim.
Quando Erin se mudou em 2018, deixou a peça escondida no quintal, sem saber do seu valor histórico. O imóvel foi comprado por Daniella em 2025, o que levou a esse reencontro inusitado com a história. A neta do soldado afirmou que, embora ainda persista a dúvida sobre como a peça foi adquirida nos anos 1940, esse elo familiar ajuda a formalizar o processo de devolução.
Contexto e importância arqueológica da inscrição
A inscrição na lápide é uma estela funerária dedicada a um marinheiro romano que pertencia a um período de importante expansão naval no Mediterrâneo. Especialistas conseguiram vincular a peça ao registro perdido de Civitavecchia, oferecendo informações valiosas sobre rotas, hierarquias e rituais funerários do Império Romano.
Além disso, achados como esse são relevantes para entender a dispersão de acervos durante conflitos. Eles não apenas preenchem lacunas na história, mas também ajudam os museus e governos a aprimorar seus métodos de repatriação.
Essa situação destaca ainda a importância dos moradores que, ao reportar objetos incomuns, colaboram para combater o mercado ilícito de bens culturais.