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Deputado propõe divisão do Brasil em Norte e Sul, gera debate

O deputado federal Paulo Bilynskyj, do PL-SP, trouxe à tona uma ideia polêmica durante uma entrevista no podcast Redcast, no dia 18 de setembro. Ele sugeriu dividir o Brasil em dois países: o “Brasil do Norte”, englobando os estados do Norte e Nordeste, e o “Brasil do Sul”, que incluiria os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Essa proposta gerou muitos comentários e reações intensas no cenário político e entre especialistas.

Durante a entrevista, Bilynskyj mencionou a necessidade de repensar a representatividade no Senado, onde todos os estados têm três senadores, independentemente de sua população. Para ele, essa configuração distorce a representação política e, em sua visão, prejudica a democracia no país.

“Vamos dividir o Brasil?”

A afirmação do deputado chamou atenção: “Vamos dividir o Brasil? A gente recorta Norte e Nordeste, que passaria a ser o Brasil do Norte. E todos os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul passariam a ser o Brasil do Sul.”

O apresentador do podcast reagiu rapidamente, apontando que essa fala poderia ser interpretada como uma tentativa de separatismo. No entanto, o deputado se manteve firme em sua posição: “Qual é o problema? Historicamente, quanto maior a extensão territorial, maior a tendência à ditadura. Quanto menor o país, mais democrático ele é.”

Essa declaração rapidamente se espalhou nas redes sociais, levantando críticas não só de adversários políticos, mas também de alguns apoiadores que acharam a proposta exagerada.

Motivações políticas

Bilynskyj, que tem laços com o ex-presidente Jair Bolsonaro, justificou sua ideia ao lembrar que, em geral, o Norte e Nordeste tendem a apoiar candidatos de esquerda, como Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o Sul e Sudeste costumam votar em candidatos da direita. Para ele, isso indicaria que dois países poderiam seguir direções políticas e econômicas bem diferentes.

Esse tipo de fala não passou despercebido. Parlamentares de várias legendas condenaram a proposta, considerando-a um ataque à unidade nacional. Juristas também lembraram que a Constituição de 1988 não prevê a divisão do território por razões políticas e que a ideia contraria os princípios do Estado brasileiro.

Não levou muito para que críticas e memes surgissem nas redes sociais, levando alguns a relembrar movimentos separatistas históricos no Brasil, especialmente aqueles do século XIX.

Especialistas explicam

Cientistas políticos comentam que, apesar de a crítica à representatividade no Senado ser válida — já que estados com populações muito diferentes contam com a mesma quantidade de senadores — a proposta de Bilynskyj não é viável nem constitucional. Eles afirmam que o foco deve ser em reformas políticas e eleitorais, e não em uma fragmentação territorial.

Histórico de polêmicas

Eleito deputado federal em 2022, Paulo Bilynskyj já é conhecido por suas falas controversas. Ex-policial e um defensor do bolsonarismo, ele utiliza bastante as redes sociais e entrevistas para levantar pautas impactantes, especialmente ligadas à segurança pública e críticas ao governo federal.

Entretanto, sua última declaração foi além do debate político tradicional e reabriu questões delicadas sobre a unidade do Brasil.

O risco de discursos separatistas

Especialistas em direito constitucional alertam que esse tipo de discurso pode alimentar movimentos radicais, especialmente em tempos de polarização política. Embora a ideia do deputado não tenha um caráter oficial e não deva avançar no Congresso, ela pode fomentar narrativas populistas que enfraquecem a coesão nacional.

Num país com mais de 200 milhões de habitantes e dimensões continentais, propostas separatistas têm o potencial de gerar instabilidade política e econômica, o que prejudica a imagem do Brasil internacionalmente. Embora a proposta de Bilynskyj sobre a divisão do país pareça mais uma provocação política do que uma sugestão séria, o episódio ressalta a polarização intensa que vivemos atualmente e as dificuldades em se encontrar consensos no cenário político brasileiro.

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