Notícias

Pepsi enfrenta crise em 1992: falha de promoção causa tragédias nas Filipinas

Em 1992, a Pepsi decidiu fazer algo audacioso nas Filipinas. Queria aumentar suas vendas e, para isso, lançou uma campanha que prometia transformar consumidores comuns em milionários. O que parecia ser uma ideia brilhante, acabou levando a um verdadeiro caos, com mortes, revoltas e disputas judiciais.

A campanha chamada Number Fever incluía tampinhas de garrafas de Pepsi, 7-Up, Mountain Dew e Mirinda, todas com números impressos. Todos os dias, um sorteio anunciava o número ganhador, e quem tivesse a combinação certa ganhava prêmios em dinheiro. O jackpot? Um milhão de pesos filipinos, o que hoje seria cerca de R$ 100 mil. Não é à toa que a ideia fez as vendas dispararem e a marca ganhou destaque rápido.

O erro que mudou tudo

O problema começou em 25 de maio de 1992. O número sorteado foi o 349, mas uma falha na impressão fez com que cerca de 800 mil tampinhas mostrassem esse mesmo número. O regulamento previa apenas dois ganhadores, então imagine a confusão! Multidões acreditaram que estavam ricas, mas a Pepsi ignora a euforia, alegando que se tratava de um erro técnico. Para piorar, a empresa se recusou a pagar o prêmio completo e ofereceu apenas 500 pesos (cerca de oito dólares na época) para quem apresentasse a tampinha. O que muitos consideraram uma humilhação.

Protestos violentos

Essa negativa gerou uma onda de revolta incontrolável. Os consumidores se sentiram enganados e começaram a organizar protestos nas ruas. Caminhões da Pepsi se tornaram alvos de ataques, e em um dos incidentes mais trágicos, uma granada explodiu em um veículo da empresa, resultando na morte de um professor e de uma criança de cinco anos. No total, 32 pessoas faleceram em episódios relacionados ao escândalo.

Vozes da indignação

Em 1993, o jornal Los Angeles Times publicou relatos emocionantes. Uma viúva, que perdeu o marido durante uma manifestação, destacou que continuaria lutando contra a Pepsi, mesmo diante da dor. Seu desabafo sintetizou o sentimento da época: “Mesmo que eu morra aqui, meu fantasma virá lutar contra a Pepsi”.

Onda de processos contra a Pepsi

O escândalo não parou nas ruas, ele também foi parar nos tribunais. Mais de 22 mil pessoas ajuizaram ações, resultando em 689 processos civis. Além disso, mais de 5.200 denúncias criminais foram feitas contra a empresa. Apesar da pressão, a justiça local acabou decidindo a favor da Pepsi. A companhia se livrou de pagar os prêmios milionários e de enfrentar penalidades mais severas. Para muitos filipinos, isso foi uma segunda derrota — primeiro pela promoção enganosa, depois pela justiça que lhes foi negada.

Um escândalo inesquecível

O "escândalo do 349" ficou marcado na memória coletiva das Filipinas. Até hoje, é lembrado como um dos maiores desastres de marketing da história. A campanha que deveria trazer alegria virou uma tragédia, deixando marcas profundas e uma imagem manchada da marca no país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo