Setembro impulsiona ouro e prata com aumento da demanda

O ouro voltou a ser o protagonista em setembro, alcançando uma nova máxima histórica. Essa valorização não é só fruto de um momento passageiro, mas sim resultado de vários fatores que influenciam o mercado. De acordo com uma análise da economista Nanda Guardian, a alta recente está atrelada à tradicional sazonalidade de compras na Índia, à expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos e ao aumento da demanda física, além do forte interesse em ETFs, que são os fundos de índice focados em metais preciosos.
Essa subida do ouro não foi um fenômeno isolado. A prata, por exemplo, também se aproximou de seu maior valor em 15 anos, impulsionada pela procura industrial, especialmente na área de energia solar. Outros metais como a platina e o paládio, usados principalmente na indústria automotiva, também registraram recuperação.
Os analistas estão apontando que essa alta não se deve apenas à especulação, mas reflete condições econômicas mais sólidas.
Por que setembro costuma ser positivo para o ouro
Historicamente, setembro e janeiro são meses em que o ouro costuma se sair bem. Um dos principais motivos é a temporada de casamentos na Índia, quando a demanda por joias aumenta e isso acaba pressionando os preços globalmente.
Além disso, um relatório do Morgan Stanley revela que, em outros momentos em que houve cortes de juros, o ouro teve uma valorização média de 6% nos dois meses seguintes, podendo chegar a 14% em alguns casos. Assim, a expectativa de flexibilização monetária nos Estados Unidos sugere que essa tendência de alta pode continuar.
ETFs e demanda física ampliam a pressão compradora
Uma parte importante dessa movimentação vem dos ETFs de metais preciosos, como o GLD (ouro) e o SLV (prata). Esses fundos estão aumentando suas posições, mostrando que investidores institucionais estão também mais otimistas e buscando se expor a esses ativos.
Do lado da demanda física, o consumo global de metais preciosos cresceu 11%, de acordo com a análise realizada. As compras de bancos centrais e de investidores em busca de segurança em meio à incerteza econômica têm colaborado para o avanço dos preços.
A força da prata e o papel industrial
Embora a prata seja tradicionalmente vista como um ativo de preservação de valor, seu uso industrial é o que torna esse metal ainda mais interessante. Aplicações em painéis solares, medicina e novas tecnologias elevaram a procura pelo metal, que agora está em seu maior valor em 15 anos. Essa característica explica a maior volatilidade da prata em comparação com o ouro, além de reforçar seu potencial de valorização em momentos de crescimento econômico.
A platina e o paládio, que também são utilizados em catalisadores de motores a combustão, estão se recuperando, embora ainda estejam abaixo dos picos alcançados em 2021. Essa melhora está ligada à recuperação gradual do setor automotivo em algumas regiões.
Ouro como proteção em tempos de incerteza
O ouro se destaca em períodos de turbulência econômica. Um levantamento demonstra que, em oito recessões recentes, o metal teve desempenho superior ao índice S&P 500 em seis delas, o que reforça sua função como ativo defensivo nas carteiras de investimento.
Mesmo com a recente valorização, analistas alertam que a alocação em metais preciosos deve ser pensada de acordo com o ciclo econômico. Em setembro, por exemplo, o bom desempenho dos metais contrasta com a queda das bolsas, permitindo que os investidores reavaliem suas carteiras.
O aumento do ouro em setembro não é resultado apenas de uma onda de otimismo, mas de fatores estruturais como sazonalidade, demanda física e investimentos institucionais. Com a prata também em alta e outros metais se recuperando, o cenário mostra que muitos estão em busca de proteção e diversificação diante das incertezas que dominam o cenário global.