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Entenda o processo de enriquecer urânio e suas implicações

Em junho, Israel intensificou as tensões ao realizar bombardeios em alvos militares e nucleares no Irã. Essa ação foi desencadeada por um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que levantou questões sobre três locais de enriquecimento de urânio que não tinham sido divulgados pelo governo iraniano.

Embora o Irã seja signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, comprometendo-se a não desenvolver armas nucleares, Israel nunca aderiu ao acordo e é reconhecido por ter um arsenal nuclear. Os ataques israelenses se concentraram em centros de pesquisa ligados ao programa nuclear iraniano, gerando preocupações em diversas nações.

Relatório da AIEA e a resposta do Irã

A revelação de possíveis desenvolvimentos de armas nucleares no Irã causou alvoroço no cenário internacional. No entanto, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, deixou claro que ainda não há confirmação sobre a fabricação de uma bomba pelo Irã. O governo iraniano, por sua vez, alega que seu programa nuclear é pacífico e voltado para a geração de energia.

Mesmo assim, os ataques não pararam. No dia 21 de junho, os Estados Unidos também atacaram instalações nucleares iranianas, aumentando as preocupações globais.

Tentativa de cessar-fogo entre Israel e Irã

Com o clima de tensão crescente, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tentativa de cessar-fogo. Entretanto, as acusações de violação do acordo partiram de ambas as partes, criando um ambiente de desconfiança que persiste até hoje. A discussão gira em torno da produção e do enriquecimento de urânio, que pode ter aplicações pacíficas, mas também pode ser usado para a fabricação de armas.

O que é urânio enriquecido?

O urânio é um elemento químico que existe na natureza em três formas: U-238, U-235 e U-234, conhecidas como isótopos. O U-238 representa a maior parte, cerca de 99%, enquanto o U-235, sendo mais instável, corresponde a cerca de 1%. Essa instabilidade do U-235 é a razão pela qual ele é tão valorizado para a geração de energia, levando ao desenvolvimento do processo de enriquecimento.

Como é feito o enriquecimento

O processo começa com a transformação do urânio em gás misturando-o com flúor, resultando no hexafluoreto de urânio. Esse gás é colocado em centrífugas que giram em alta velocidade. Durante esse movimento, o U-238, sendo mais pesado, desloca-se para as bordas, enquanto o U-235 se concentra no centro. Após várias iterações desse processo, o urânio se torna mais “enriquecido”, aumentando a concentração do isótopo desejado.

Para se atingir 3% de enriquecimento — o necessário para usinas nucleares — esse processo precisa ser realizado cerca de 1.400 vezes. O uso civil de urânio permite até 20% de enriquecimento, enquanto níveis acima de 85% são aptos para armas nucleares.

Estoques iranianos e o alerta da ONU

De acordo com a ONU, o Irã detém aproximadamente 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, um nível que ultrapassa o limite para finalidades civis. Se essa quantidade for elevada a 90%, poderia resultar em até nove bombas nucleares.

Monitoramento internacional e outros usos do urânio

A AIEA realiza um monitoramento rigoroso das instalações dos países que aderem ao tratado. O Brasil, por exemplo, é um signatário desde 1998 e usa urânio enriquecido apenas para fins de pesquisa e geração de energia nas usinas de Angra. O urânio empobrecido, que contém pouco U-235, tem algumas aplicações, como na blindagem, mas é menos radioativo.

Conflito aberto e impasse diplomático

Apesar do anúncio de cessar-fogo pelos Estados Unidos, a tensão entre Israel e Irã permanece sem solução. As trocas de acusações continuam, e o tema do enriquecimento de urânio é crucial nesse impasse. A comunidade internacional segue atenta às movimentações de ambas as partes.

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